Resumen:
A presente dissertação tem, como centro, o jesuíta Roque Gonzáles de Santa Cruz, missionário paraguaio morto por indígenas Guarani em 1628, no Caaró, Rio Grande do Sul. Sua morte foi o início de um longo processo de canonização, que iria demorar 360 anos para ser concluído. Este trabalho busca respostas do porquê desse longo período. Seu objetivo geral é a análise do processo de institucionalização da veneração de Roque Gonzáles de Santa Cruz em suas várias camadas, relacionando-a com o tratamento historiográfico, ambiente político e grupos de interesses envolvidos em sua canonização. Isso será realizado com a análise da bibliografia sobre ele, e do processo de beatificação de 1932, que não havia sido analisado por autores anteriores. A metodologia tem como centro o debate e utilização de conceitos como santidade (Woodward, Cunningham, Matos, Gallick Piccone Camere); biografia, trajetória e hagiografia (Certeau, Loriga, Le Goff, Schmidt, Sobral, Bourdieu, Levi, Borja Gomes, Del Priore, Dosse, Karsburg); comunidade global de mártires (Cymbalista); a causa e processo de beatificação/canonização (Soares); e construção social da santidade (Soares). As conclusões do trabalho apontam para a complexa relação entre a trajetória de vida de Roque Gonzáles e sua ressignificação por meio do processo que conduziu a sua beatificação e canonização. Além disso, para a reflexão de como a história de Gonzáles precisa ser pensada de forma mais ampla, a partir de perspectivas que incluam a participação de agentes sociais para formar um grupo de apoio que garantiram que sua canonização fosse concluída.