Resumo:
Este trabalho tem por objetivo compreender aspectos relativos ao exercício das masculinidades, honra e racialização através das situações de conflitos interétnicos entre homens negros e brancos que viviam em Caxias do Sul, região de colonização italiana, localizada na parte nordeste do Rio Grande do Sul. Busca-se, assim, apresentar uma contribuição para o campo da imigração, pós-abolição e gênero. O marco cronológico desta pesquisa são os anos de 1899 a 1910. Além dos processos-crime, todos pertencentes a Comarca de Caxias do Sul e referentes ao mencionado período, foram utilizadas reportagens de três periódicos caxiense. A partir das fontes, procura-se analisar questões relacionadas ao contato entre imigrantes e negros numa região marcada pela colonização europeia da segunda metade do século XIX. Para tanto, buscou-se vincular, a pesquisa aqui apresentada, a sugestões metodológicas advindas da micro-história. Entendeu-se, através da análise das fontes, que as relações interétnicas eram permeadas pelos ritus masculinos que visavam o domínio dos espaços de socialização e trabalho, onde ocorreria a defesa das fronteiras étnicas e a hegemonia das masculinidades de imigrantes italianos e seus descendentes.