Resumo:
Esta dissertação tem como objetivo fazer uma análise da concepção de pessoa encontrada na teoria da justiça de Martha C. Nussbaum, bem como determinar se o realismo moral presente nesta teoria pode ser compatível com uma constatação do elemento trágico da concepção de pessoa. Para tal, os métodos utilizados foram a análise conceitual com base em pesquisa bibliográfica de fontes teóricas primárias, como a própria Nussbaum, John Rawls e Amartya Sen, e secundárias, como comentadores relevantes para o tema. O problema de pesquisa foi delimitado como segue: É possível conciliar o realismo moral de Nussbaum com uma teoria da justiça que não incorra em uma concepção abrangente do bem? Em outras palavras, é possível evitar um tipo de perfeccionismo paternalista na abordagem das capabilidades, considerando sua noção de direitos pré-políticos? Seguindo este escopo, esta dissertação extraiu resultados que identificaram uma visão ecumênica de pessoa na teoria da justiça de Nussbaum, bem como confirmou a hipótese levantada a respeito da dimensão trágica da pessoa, concluindo que a noção de pessoa é uma noção mista, contextual, social, e atravessada por um elemento trágico e de condição animal do ponto de vista da normatividade política.