Resumo:
O presente estudo versa sobre o fenômeno da exposição e assistência a crianças no extremo sul da América portuguesa, com a análise em foco nas freguesias em que houve câmaras municipais, na segunda metade do século XVIII, até as primeiras décadas do século XIX. Com base na experiência e conhecimento acumulado para o estudo da administração do fenômeno da exposição em Porto Alegre, agora o olhar direciona-se para as demais localidades, ampliando o espectro de análise no período de formação e consolidação do Rio Grande de São Pedro. Trata-se de um espaço fronteiriço, com um contingente populacional diverso e uma grande extensão territorial. O objetivo central é entender como uma prática social trazida na bagagem dos colonizadores europeus pelo Atlântico se propagou no território em questão, bem como populações indígenas e africanas interagiram com essa prática, seja expondo crianças, seja na participação da assistência aos enjeitados. Nesse sentido, entendermos o papel da população de ascendência africana e a população indígena aldeada para a administração e manutenção dessa prática. Para atingir os objetivos propostos, utilizamos um conjunto de fontes eclesiásticas e cartoriais, exploradas através do cruzamento das informações contidas, sobretudo, nos Registros Paroquiais, bem como fontes referentes à administração da assistência aos expostos produzidas pelas Câmaras sulinas. Os principais referenciais teórico-metodológicos adotados neste estudo são os da Demografia Histórica, que nos oferece métodos adequados de análise; a Micro-História e a variação de escala, que nos permitem perceber as ações e racionalidades dos sujeitos históricos frente às especificidades de nosso contexto, bem como um embasamento historiográfico acerca desta temática na História Social, História da Pobreza e da Assistência.