| Resumo |
Que sentidos sobre inclusão e relação família-escola, atravessados pela
chamada maternidade atípica, são construídos e veiculados nas pesquisas em
Educação de 2013 a 2024? E de que modos esses sentidos operam e como
posicionam a chamada maternidade atípica na relação com a inclusão e na relação
família-escola? Estas perguntas orientam esta pesquisa, embasada nos seguintes
campos teóricos: estudos sobre inclusão, estudos sobre relação família-escola e
Estudos de Gênero, em articulação com a perspectiva pós-estruturalista. Para cumprir
os objetivos e responder às perguntas, adota-se como procedimento metodológico a
metapesquisa. A partir dos campos teóricos supracitados, o estudo opera com os
conceitos de inclusão, norma, gênero, maternidade e relação família-escola para
questionar essencialismos e naturalizações sobre maternidade atípica. Para a análise,
organizam-se duas categorias: (1) mães típicas e atípicas, interdependência que
produz uma identidade materna deficiente. Nesta categoria, articulando maternidade
atípica, inclusão e relação família-escola, identificam-se dois movimentos nas
pesquisas analisadas: (a) há desigualdade na inclusão escolar e nos modos da
relação que se estabelece entre família-escola, reforçada pela chamada maternidade
atípica; (b) as normas estabelecidas pela escola acabam por regular a conduta dos/as
filhos/as e das mulheres-mães atípicas, a partir do que se espera ser socialmente
aceitável para eles/as e para elas, como mães que se relacionam com a escola; (2)
mães atípicas que (não) amam incondicionalmente: reflexões sobre a produção de um
modelo materno-inclusivo. Nesta categoria, são questionadas, a partir das pesquisas
analisadas, normas que regulam modos de ser e maternar da mulher-mãe de crianças
com deficiência deste tempo, conduzindo a conduta das mães. Além disso, são
problematizadas as exigências impostas às mulheres-mães para que adotem,
simultaneamente, uma postura abnegada e produtiva, capaz de lidar com riscos e
incertezas, bem como de elaborar estratégias individuais e coletivas para enfrentar as
dificuldades decorrentes da deficiência e das doenças raras de seus/as filhos/as.
Deste modo, sustenta-se a tese de que a chamada maternidade atípica é uma
condição política que produz efeitos sobre as mulheres-mães, intensificando suas
responsabilidades individuais sobre maternar e sobre os processos escolares dos/as
filhos/as. A maternidade atípica está alicerçada em um modelo materno-inclusivo que
regula e exacerba as relações entre as escolas e as mães atípicas, historicamente
permeadas por desafios.; |
| Abstract |
What senses about inclusion and the family-school relationship, permeated by
the called “atypical motherhood”, are built and spread in Education research from 2013
to 2024? And in what ways do these senses operate and how do they establish the
called “atypical motherhood” in relation to inclusion and the family-school relationship?
These questions guide this research, based on the following theoretical fields: studies
on inclusion, studies on the family-school relationship, Gender Studies, in articulation
with the post-structuralist perspective. To achieve the objectives and answer the
questions, meta-research is adopted as a methodological procedure. Based on the
theoretical fields previously mentioned, this study operates with the concepts of
inclusion, norm, gender, motherhood, and family-school relationship to question
essentialisms and naturalizations about atypical motherhood. For the analysis, two
categories are organized: (1) typical and atypical mothers: correlation that produces a
deficient maternal identity. In this category, articulating atypical motherhood with
inclusion and the family-school relationship, two movements are identified in the
analyzed research: (a) there is inequality in school inclusion and in the modes of the
relationship established between family and school, reinforced by the called atypical
motherhood; (b) the norms established by the school end up regulating the behavior
of atypical children and women-mothers, based on what is expected to be socially
acceptable for them and for the mothers who are related to the school; (2) atypical
mothers who (do not) love unconditionally: thoughts on the production of a maternalinclusive model. Considering the analyzed research, in this category, the norms that
regulate women-mothers of children with disabilities ways of being and mothering, in
this time period, and norms that guide the behavior of mothers are questioned.
Furthermore, the demands for women-mothers to assume a selfless and, at the same
time, productive posture, being able to respond to risks, uncertainties, and to formulate
individual and collective strategies to overcome difficulties due to the condition of
disability and rare diseases of their children are also problematized. Therefore, the
research supports the following thesis: the “atypical motherhood”, as called, is a
political condition that produces effects on women-mothers, intensifying their individual
responsibilities regarding their mothering and the school processes of their children.
Atypical motherhood is based on a maternal-inclusive model that regulates and
exacerbates relationships between schools and atypical mothers, historic ally filled with
challenges.; ¿Qué sentidos sobre inclusión y relación familia-escuela, atravesados por la
llamada maternidad atípica, se construyen y vinculan en las investigaciones en
Educación de 2013 a 2024? Y ¿de qué manera estos sentidos operan y cómo
posicionan a la llamada maternidad atípica en la relación con la inclusión y la relación
familia-escuela? Estas preguntas orientan esta investigación, basada en los siguientes
campos teóricos: estudios sobre inclusión, estudios sobre relación familia-escuela,
estudios de género, en articulación con la perspectiva posestructuralista. Para cumplir
los objetivos y responder a las preguntas, se adopta como procedimiento
metodológico la metainvestigación. A partir de los campos teóricos mencionados, el
estudio opera con los conceptos de inclusión, norma, género, maternidad y relación
familia-escuela para cuestionar esencialismos y naturalizaciones sobre la maternidad
atípica. Para el análisis, se organizan dos categorías: (1) madres típicas y atípicas:
interdependencia que produce una identidad materna deficiente. En esta categoría,
articulando la maternidad atípica con la inclusión y la relación familia-escuela, se
identifican dos movimientos en las investigaciones analizadas: (a) hay desigualdad en
la inclusión escolar y en los modos de la relación que se establece entre familiaescuela, reforzada por la llamada maternidad atípica; (b) las normas establecidas por
la escuela acaban por regular la conducta de los/as hijos/as y de las mujeres-madres
atípicas, a partir de lo que se espera ser socialmente aceptable para ellos/as y para
ellas como madres que se relacionan con la escuela; (2) madres atípicas que (no)
aman incondicionalmente: reflexiones sobre la producción de un modelo maternoinclusivo. En esta categoría, se cuestionan, a partir de las investigaciones analizadas,
normas que regulan modos de ser y maternar de la mujer-madre de niño/a con
discapacidad de este tiempo, conduciendo a la conducta de las madres. Además son
problematizadas las exigencias impuestas a las mujeres-madres para que asuman
una postura abnegada y productiva, capaces de lidiar con los riesgos, incertidumbres
bien como de elaborar estrategias individuales y colectivas para enfrentar las
dificultades y resultantes de la condición de discapacidad y enfermedades raras de
los/as hijos/as. Deste modo, se sostiene la siguiente tesis: la llamada maternidad
atípica es una condición política que produce efectos sobre las mujeres-madres,
intensificando sus responsabilidades individuales sobre maternar y sobre los procesos
escolares de los/as hijos/as. La maternidad atípica está basada en un modelo
materno-inclusivo que regula y exacerba relaciones entre las escuelas y las madres
atípicas, históricamente permeadas por desafíos.; |