Resumo |
A presente pesquisa investiga sentidos sobre trabalho docente veiculados e/ou
produzidos na série Rita, principalmente a partir da análise da personagem professora Rita; e de que modos docência e gênero e sexualidade atravessam e constituem esses sentidos. A série dinamarquesa foi dirigida por Christian Torpe, entre 2012 e 2020, com distribuição no Brasil pela plataforma de streaming Netflix. A pesquisa está fundamentada nos campos dos Estudos em Docência, dos Estudos de Gênero e Sexualidade e dos Estudos Culturais, em articulação com a perspectiva pós-estruturalista. A partir destes campos, a investigação é desenvolvida utilizando o procedimento metodológico da etnografia de tela (Rial, Carmen, 2005; Balestrin, Patrícia, 2011; Cruz, Éderson da, 2019; Tavares, Olívia, 2018; 2024). Os principais conceitos que funcionam como ferramentas teórico-metodológicas são: docência (Dal’Igna, Maria Cláudia, 2023); gênero interseccionado com sexualidade (Scott, Joan, 1995; Meyer, Dagmar, 2013; Louro, Guacira, 2014); representação (Silva, Tomaz da, 2007; 2014; Louro, Guacira,
2014); entre-lugar (Bhabha, Homi, 2018). A partir destas ferramentas e por meio das análises, foi possível identificar e examinar duas categorias analíticas e os seguintes sentidos produzidos: (1) Rita, a professora que (não) salva e, ao mesmo tempo, transborda, colocando-se na relação com estudantes e famílias; (2) Rita, a professora “erva daninha”, tratada como salvadora e/ou (in)adequada entre seus pares, famílias e jovens com quem trabalha. A partir dos sentidos analisados, defende-se a seguinte tese: por um lado, Rita pode ser compreendida como uma reificação da relação que se estabelece historicamente entre trabalho docente e mulheres; por outro, as cenas e a série também promovem deslocamentos em relação ao modo com que a professora se relaciona com seu trabalho docente. Nesta direção, operando com os conceitos de
docência e entre-lugar, propõe-se uma problematização das dicotomias (boa ou má, adequada ou inadequada, santa/salvadora ou promíscua) para analisar os entre-lugares do trabalho docente: Rita na relação consigo, com a coordenação, com colegas docentes, com as famílias e com estudantes. Esse modo de pensar e praticar o trabalho docente é chamado, nesta pesquisa, de pedagogia dos entre-lugares.; |
Abstract |
This research investigates the meanings of teaching work conveyed and/or produced in
the series Rita, mainly based on the analysis of the teacher character Rita; and how teaching, gender and sexuality cross and constitute these meanings. The Danish series was directed by Christian Torpe between 2012 and 2020, and distributed in Brazil by the Netflix streaming platform. The research is based on the fields of Teaching Studies, Gender and Sexuality Studies and Cultural Studies, in conjunction with the post-structuralist perspective. Based on these fields, the research is developed using the methodological procedure of screen ethnography (Rial, Carmen, 2005; Balestrin, Patrícia, 2011; Cruz, Éderson da, 2019; Tavares, Olívia, 2018; 2024). The main concepts that work as theoretical and methodological tools are: teaching (Dal'Igna, Maria Cláudia, 2023); gender intersected with sexuality (Scott, Joan, 1995; Meyer, Dagmar, 2013; Louro, Guacira, 2014); representation (Silva, Tomaz da, 2007; 2014; Louro, Guacira, 2014); between-place (Bhabha, Homi, 2018). Based on these tools and the analysis, it
was possible to identify and examine two analytical categories and the following meanings
produced: (1) Rita, the teacher who (doesn't) save and, at the same time, overflows, placing herself in a relationship with students and families; (2) Rita, the “weed” teacher, treated as a savior and/or (in)adequate among her peers, families and the young people she works with. Based on the meanings analyzed, the following thesis is defended: on the one hand, Rita can be understood as a reification of the relationship historically established between teaching work and women; on the other hand, the scenes and the series also promote shifts in the way the teacher relates to her teaching work. In this sense, using the concepts of teaching and inbetween-places, we propose a problematization of the dichotomies (good or bad, adequate or inadequate, saint/saviour or promiscuous) in order to analyse the in-between-places of teaching work: Rita’s relationship with herself, with school coordination, with fellow teachers, with
families and with students. This way of thinking about and practicing teaching work is called, in this research, the pedagogy of in-between-places.; La presente pesquisa investiga sentidos sobre trabajo docente difundidos y/o producidos en la serie televisiva Rita, principalmente a partir del análisis del personaje de la profesora Rita; y de qué modos docencia, género y sexualidad atraviesan y constituyen esos sentidos. La serie dinamarquesa fue dirigida por Christian Torpe, entre 2012 y 2020, con distribución en Brasil por la plataforma de streaming Netflix. La pesquisa está fundamentada en los campos de los Estudios en Docencia, de los Estudios de Género y Sexualidad y de los Estudios Culturales, en articulación con la perspectiva postestructuralista. A partir de estos campos, la investigación es desarrollada utilizando el procedimiento metodológico de la etnografía de pantalla (Rial, Carmen, 2005; Balestrin, Patrícia, 2011; Cruz, Éderson da, 2019; Tavares, Olívia, 2018; 2024). Los principales conceptos que operan como herramientas teóricas y metodológicas son: docencia (Dal’Igna, Maria Cláudia, 2023); género interseccionado con la sexualidad (Scott,
Joan, 1995; Meyer, Dagmar, 2013; Louro, Guacira, 2014); representación (Silva, Tomaz da, 2007; 2014; Louro, Guacira, 2014); entre-lugar (Bhabha, Homi, 2018). A partir de estas herramientas y por medio de los análisis, ha sido posible identificar y examinar dos categorías analíticas y los siguientes sentidos producidos: (1) Rita, la profesora que (no) salva y, al mismo tiempo, desborda, poniéndose en la relación con estudiantes y familias; (2) Rita, la profesora “mala-hierba”, tratada como salvadora e/o (in)adecuada entre sus compañeros de trabajo, familias y jóvenes con quien trabaja. A partir de los sentidos analizados, se defiende la siguiente tesis: por un lado, Rita puede ser comprendida como una personificación de la relación que se establece históricamente entre trabajo docente y mujeres; por otro, las escenas y la série también promueven desplazamientos en relación al modo con que la profesora se relaciona con su trabajo docente. En esta dirección, operando con los conceptos de docencia y entre-lugar, se propone una problematización de las dicotomías (buena o mala, adecuada o inadecuada, santa/salvadora o promiscua) para analizar los entre-lugares del trabajo docente: Rita en la relación consigo, con la coordinación, con compañeros docentes, con las familias y con estudiantes. Ese modo de pensar y practicar el trabajo docente es llamado, en esta pesquisa, de pedagogía de los entre-lugares.; |