Resumo:
As indústrias têxteis, de vestuário e de moda contribuem significativamente para a poluição ambiental global em todos os pontos da cadeia de suprimentos. Com a grande conscientização das partes interessadas sobre os efeitos trazidos por essas indústrias no clima e nos direitos humanos, as empresas têm sido pressionadas a mitigar os seus danos ambientais. Nesta perspectiva, a literatura atual apresenta estudos consistentes no que tange as transformações empresariais de gestão interna e da sua cadeia de suprimentos. Decorrente destes fatores e pressões, a literatura exemplifica esses esforços através de estruturação de políticas internas, códigos de conduta, advertências, auditorias e estímulos para que seus fornecedores transitem para uma pegada sustentável. No entanto, poucos estudos aprofundam, a partir da perspectiva do fornecedor, sobre os requisitos de melhoria ambiental, fatores que impulsionam as implementações de práticas sustentáveis e as barreiras existentes. Desta forma, esta pesquisa tem como objetivo principal entender como os fornecedores da cadeia de confecção têxtil podem ser mais sustentáveis, colocando assim as preocupações e espectro dos fornecedores no centro da compreensão. Dentre os resultados deste estudo foi compreender que são apenas através de incentivos fiscais do governo, selos de sustentabilidade, participação ativa dos sindicatos e fóruns e encontros práticos sobre as temáticas onde as confecções podem se mobilizar de forma mais sistêmica em prol da sustentabilidade. Também, foi possível perceber que os fornecedores são monitorados e auditados quanto a implementação de processos voltados a sustentabilidade, ao mesmo tempo que realizam as melhorias em suas empresas, não recebem auxílio financeiro para tal e são pressionados por preços mais baixos pelos compradores das empresas focais. Desta forma, esta pesquisa contribui para os gestores de empresas e áreas de sourcing e sustentabilidade a entenderem quais melhores caminhos para mobilizar e incentivar os fornecedores a se tornarem mais sustentável, assim como estruturar estratégias junto aos compradores para auxiliar na implementação dessas práticas junto aos fornecedores. Existem caminhos para que a cadeia de confecção brasileira se torne mais sustentável, porém são necessários esforços coletivos, conscientização dos compradores e preços mais justos.