Resumo:
A literatura acadêmica vem destacando de forma crescente a correlação positiva entre a governança corporativa com o fomento da inovação, alavancando a criação de valor e, consequentemente, a maior competitividade das organizações. Por outro lado, ainda há uma carência de estudos sobre o funcionamento da governança da inovação, tanto do ponto de vista teórico quanto empírico. Paralelamente, o Brasil tem apresentado fortes contrastes quanto a produção da inovação: de um lado, há um conjunto de empresas inovadoras e com longo histórico de destacada competitividade a nível nacional e internacional, enquanto a grande maioria das organizações nacionais não fomenta a inovação. Assim, por meio de uma seleção de oito empresas sediadas no Brasil, reconhecidamente competitivas e inovadoras, foram realizadas vinte e uma entrevistas semiestruturadas – com vinte e quatro executivos – e uma ampla pesquisa documental, as quais permitiram identificar e compreender os padrões comuns em políticas e procedimentos funcionais de governança da inovação dessas organizações. O resultado demonstra que, distintamente dos modelos teóricos de governança tradicionais que tratam de explicar a eficiência das empresas a partir de ações disciplinares ou baseadas no conhecimento, a governança da inovação promove a criação de valor por meio da atuação em três frentes de gestão: dos relacionamentos corporativos; do desenvolvimento das habilidades organizacionais; e de um portfolio de iniciativas de inovação. A otimização da ação conjunta dessas atividades possibilita a potencialização da inovação e da competitividade nas organizações. Desse modo, foi possível sugerir conceitos teóricos para a formação de um modelo específico de governança da inovação, bem como propor oito práticas que possam servir de guia para as empresas brasileiras alavancarem a inovação e maximizarem a competitividade a longo prazo.