Resumo:
Esta pesquisa discute a emergência da Cidade Midiatizada, uma ambiência composta por cinco territorialidades distintas resultantes de usos e apropriações de tecnologias que se transformam em meios (FAUSTO NETO, 2010), os apps sociais de mapas. Inserido no contexto da Midiatização, o trabalho tem como problema discutir o tipo de conhecimento que surge da relação que se estabelece entre o sistema proponente (apps sociais de mapas) e os usuários-consumidores. Quatro aplicativos móveis compuseram o corpus: Waze, Nike+, Strava e Google Maps. Para compreender diferentes matizes desse fenômeno complexo, optou-se pela construção de uma metodologia singular, formada em quatro atos: o Ato do Observador trabalha a Noção de Complementaridade, de Niels Bohr, e o Princípio da Incerteza, de Werner Heisenberg. Em seguida, o Ato da Suspensão discute o Paradigma Indiciário, de Ginzburg (1989), e as contribuições de José Luiz Braga (2008) na Comunicação para a tomada de inferências no campo. Já o Ato da Investigação apóia-se nas ideias de Charles Sanders Peirce e de seus operadores semânticos para trabalhar a criação de inferências abdutivas (conhecimento novo), dedutivas (proposição diagramática da hipótese) e indutivas (confrontação da hipótese). O Ato da Fundamentação debate a Grounded Theory, de Glaser e Strauss (1967), e sua pertinência para, a partir dos dados coletados nos observáveis, criar uma teoria própria. A tese tensiona o conceito de Serge Proulx (2016) sobre usos e apropriações e propõe uma topologia diferente, através do vetor acesso - consumo - uso - adoção - apropriação. Como contribuição final, a pesquisa parte de Milton Santos (1997, 2008), André Lemos (2007, 2009, 2013) e George Amar (2011) para desenvolver a ideia de uma Matriz de Territórios, composta por cinco dimensões interpoladas e interdependentes: Território Materializante, Território Informacional, Território Interacional, Território Algorítmico e Território Simbólico. Em suas trocas, as cinco territorialidades configuram Zonas de Afeto e Afetação, que interferem na percepção das pessoas sobre o território que habitam e, portanto, possui reflexos no cotidiano das cidades. Em um cenário de Midiatização, entende-se que o usuário de apps sociais de mapas emerge como um codesigner territorial.