Resumo:
A ampla aplicação de fachadas envidraçadas em edifícios verticais traz uma
preocupação quando se trata de segurança contra incêndios. Devido à facilidade com
que esse sistema perde sua integridade, é gerado um canal facilitador para propagação
do fogo, ocasionado a perda de compartimentação dos ambientes. Visando garantir a
compartimentação de ambientes em edificações que possuem esse tipo de elemento
construtivo, as instruções técnicas brasileiras definem medidas de proteção passiva,
como selagem corta fogo, prolongamentos horizontais de lajes de 0,90 m e paredes
verticais de 1,20 m utilizando materiais incombustíveis. Em diversos países é de
conhecimento que a selagem corta fogo entre pavimentos é uma medida eficaz para
evitar a propagação interna vertical do fogo, se tornando uma medida de proteção
passiva necessária em fachadas cortina. Entretanto, ainda há discussões em relação a
quais são as dimensões eficazes dos prolongamentos horizontais e verticais que visam
barrar a propagação externa do fogo. O presente trabalho apresenta uma avaliação
sobre o comportamento de diferentes modelos de compartimentação vertical, em
fachadas cortina, de acordo com o ensaio ASTM E2307 (ASTM, 2020), por meio de
simulação computacional utilizando o software Pyrosim/FDS®. Após calibração do
modelo computacional, foram simulados oito modelos de compartimentação, sendo
quatro utilizando projeções verticais atrás da fachada cortina e quatro utilizando
prolongamentos horizontais da laje entre os pavimentos. Após análise dos resultados,
constatou-se que compartimentações baseadas em prolongamentos horizontais
apresentaram maior eficácia com menor dimensão quando comparadas com projeções
verticais. Um prolongamento horizontal de 0,90 m tem a capacidade de isolar o
pavimento superior do inferior. Um prolongamento horizontal de 0,60 m tem uma
eficácia superior a uma projeção vertical de 1,20 m. Um prolongamento horizontal de
0,40 m tem uma eficácia próxima a uma projeção vertical de 1,20 m. Portanto, no Brasil,
os modelos de compartimentação exigidos através das instruções técnicas não
apresentam a mesma eficácia quando comparados entre si.