Resumo:
Definir longevidade e compreendê-la no mundo empresarial tem sido um desafio. Tamanho, idade e rentabilidade são elementos comumente utilizados como medida de mensuração, porém pouco representativos. É a habilidade de sobrevivência que as definem como organizações longevas. Nesse contexto, quando adicionado o elemento família, a intenção dos atuais e futuros membros familiares precisa ser considerada. Assim, com o entendimento de que habilidade e intenções resultam no comportamento particularista[1] orientado pela família, e que, abordagens teóricas como a Teoria da Agência e a Stewardship Theory são adequadas para compreendê-lo, esta pesquisa tem como objetivo, a partir dos pressupostos destas, compreender como a Teoria da Agência e da Stewardship Theory, explicam as habilidades e intenções que levam à longevidade das empresas familiares. Para tanto foi desenvolvido um estudo qualitativo exploratório através do estudo múltiplo de casos de empresas familiares centenárias e bicentenárias espanholas. Estas foram selecionadas por meio da snowball technique, e atenderam aos requisitos de terem no mínimo 100 anos e de disponibilizar pelo menos dois membros familiares para as entrevistas, preferencialmente, sendo um o atual executivo principal e o outro pertencente à próxima geração. A definição das categorias de análise ocorreu de forma dedutiva, tendo como a literatura a fonte das mesmas. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas, com apoio de materiais referentes à história das empresas familiares, os quais otimizaram o tempo das entrevistas e o roteiro semiestruturado de entrevista pode ser cumprido. A técnica de análise de dados adotada foi a análise de conteúdo. No processamento e preparação dos dados para análise, fez-se uso do software de análises qualitativas NVivo. Com isso foi possível realizar a análise dos elementos que caracterizam as habilidades e intenções, que por sua vez, evidenciam os resultados desse trabalho. Com esta análise é possível evidenciar o papel de cada uma das abordagens teóricas adotadas. Sendo que a Stewardship Theory, com a sua abordagem sociológica e psicológica da governança, o papel de manutenção de cada um dos elementos que caracterizam às intenções e as habilidades do comportamento que leva à longevidade das empresas familiares. A Teoria da Agência, por sua vez, é necessária nas situações de limite da Stewardship Theory, na qual sua característica tendência é assumir alguma forma de Homo economicus, que retrata os subordinados (neste contexto – membros familiares) como individualistas, oportunistas e egoístas. Assim, a Stewardship Theory e a Teoria da Agência, de forma interdependente, explicam as características do comportamento que leva à longevidade das empresas familiares.