Resumo:
O trabalho busca compreender o problema comunicacional das interações entre atores e instituições em rede, perante questões políticas, na perspectiva epistemológica da midiatização; e utiliza como caso de análise a experiência da Prefeitura de Curitiba nas redes sociais digitais a partir de 2013. A pesquisa busca responder: como os processos comunicacionais que circulam no dispositivo “Prefs” entre atores e destes com a instituição podem reconfigurar processos sociais a partir do reconhecimento intersubjetivo em uma ambiência social em midiatização? O objetivo principal é entender as lutas por reconhecimento intersubjetivo que são travadas no dispositivo, a partir da análise da circulação de sentidos nos circuitos-ambientes de participação. Parte de questões epistemológicas identificadas nas tensões entre perspectivas da midiatização e da teoria social (HONNETH, 2003) sobre o reconhecimento (VERÓN, 2011) e entre dispositivos (BRAGA, 2017; FERREIRA, 2009) e interações (BRAGA, 2017; GOFFMAN, 1985) em um ambiente singular (GOMES, 2013). Para isso, realiza dois movimentos metodológicos. O primeiro é uma observação exploratória ampla, com coleta de amostragens a fim de caracterizar o objeto empírico e compreender os fluxos de sentido entre as diversas estratégias empreendidas pela Prefeitura; o segundo é uma análise interpretativa sobre os signos produzidos em um conjunto de amostragens que julgamos relevante por uma série de fatores ad hoc. Identifica-se um dispositivo midiático em processo de consolidação a partir de um conjunto de práticas comunicacionais empreendidas pela Prefeitura de Curitiba nas redes sociais digitais. Busca-se (1) mapear o conjunto de estratégias empreendidas pela Prefeitura e a consequente apropriação por parte dos atores; (2) identificar o que os atores fazem com as afinidades e dissonâncias geradas nas interações observadas; (3) descrever as implicações que o agenciamento da dimensão tecnológica pode gerar nas interações; e (4) observar os processos de reconhecimento intersubjetivo, de natureza agonística, que ocorrem no interior do dispositivo. Uma hipótese é a de que as fraturas da unidade do significado, que ocorrem na circulação entre a produção e o reconhecimento, encontram nas gramáticas morais de luta por reconhecimento a relação que permite que a semiose avance por vias intersubjetivas. Neste avanço, homofilias e incivilidades são observadas como sintomas sociais das transformações que os processos comunicacionais causam no tecido de uma sociedade midiatizada.