Resumo:
As previsões dos analistas são consideradas as principais fontes das informações disponíveis para diversos investidores, clientes e outros participantes do mercado financeiro. Sendo assim, é desejável que as previsões sejam consistentes, confiáveis e imparciais. No entanto, é intrigante que os analistas podem estar sujeitos a características comportamentais de ilusão de controle, viés de confirmação e excesso de confiança, que podem influenciar na emissão de suas previsões e fazer com que existam erros, que podem gerar perdas para indivíduos e para as organizações. Além disso, podem existir características demográficas como gênero, grau de escolaridade, área de formação, tempo de trabalho como analista, principal setor de atuação, cobertura e país que podem ser fatores influenciadores da acurácia nas previsões. Sendo assim, é interessante verificar a medida de acurácia, pois esta indica o quão próximo as previsões dos analistas estão com relação ao resultado real da empresa. Quanto mais acuradas, menores são as chances de serem tendenciosas. Desta forma, a tese tem como objetivo identificar os fatores que podem influenciar na estimativa de acurácia das previsões financeiras dos analistas. Para tanto, a amostra inicial consiste em 6.387 analistas que enviaram as informações das suas previsões para a base de dados Thompson Reuters® e foi aplicado um questionário estruturado a fim de identificar as características comportamentais e demográficas dos respondentes para verificar os possíveis fatores influenciadores. As variáveis de estimativa de acurácia e o número de empresas que o analista realiza a cobertura foram coletadas na base de dados. Ressalta-se que participaram 434 analistas. No entanto, excluiu-se 35 por serem anônimos, 58 por não ter as informações completas de estimativa de acurácia no sistema e 73 devido a incoerência no preenchimento do questionário. A amostra final foi composta por 268 analistas. Com relação a metodologia, este estudo tem como característica ser uma survey, com análise qualitativa e quantitativa, e como método foi utilizado a análise fatorial, regressão linear múltipla e correlação. Os resultados mostram que a maioria é do gênero masculino, tem de 36 a 50 anos, tem mestrado e área de formação em economia. Além disso, constata-se que a maioria tem mais de 10 anos de experiência, trabalham principalmente no setor de construção e energia, a mais de 10 anos e os participantes são de 53 países diferentes. Apesar de evidências e estudos mostrarem que os analistas apresentam características comportamentais, e que suas previsões são tendenciosas e ineficazes, os três vieses comportamentais estudados mostraram-se que não são capazes de influenciar na média de estimativa de acurácia. A variável que se apresentou como influenciadora foi o principal setor de atuação, o que indica que analistas de empresas de setores não cíclicos apresentam uma acurácia maior do que os analistas de empresas de setores cíclicos. Uma constatação interessante é que se verificou que quanto maior a ilusão de controle, maior o viés de confirmação e que quanto maior o viés de confirmação, maior o excesso de confiança. Assim, esta pesquisa permitiu uma melhor compreensão acerca das relações entre os agentes e da dinâmica dos mercados financeiros, bem como apresentou um panorama das características comportamentais e demográficas dos participantes. Espera-se, assim, que este estudo seja o início de uma reflexão para que novas pesquisas possam ser desenvolvidas.