Resumo:
Inovar em modelos de negócio para a sustentabilidade é o processo de
construção de soluções que criam valor ambiental, social e econômico, para a firma e
toda sua cadeia de valor. Uma das possibilidades de inovação, é a transição de
modelos de negócio linear para modelos de negócio circular. A compreensão de como
este processo de transição de um modelo de negócio linear para circular ocorre e
evolui ao longo do tempo, permanece desconhecido. Através de um estudo de caso
único, realizado com a empresa petroquímica brasileira Braskem S.A., foi investigado
processo de transição de um modelo de negócio linear para circular, à luz da teoria
das capacidades dinâmicas. A Braskem, uma empresa de comodities de atuação
global, concebida em 2002 em um modelo de negócio linear, começou nos últimos
anos um processo de transição para um modelo de negócio circular. Este caso é um
exemplo raro, haja visto que este tipo de transição de modelo de negócio não é comum
neste tipo de indústria. Ele é também revelador, haja visto que toda a história da firma
foi explorada, a partir de uma abordagem qualitativa, com aplicação de metodologia
processual. Entrevistas e dados secundários foram coletados e analisados com
emprego de narrativa, escalonamento temporal e mapas visuais. Quatro fases
evolutivas do processo de inovação de modelos de negócio para a sustentabilidade,
foram identificadas: desenvolvimento, amadurecimento, consolidação e renovação da
proposta de valor. Cada fase, estava associada a uma distinta estratégia de
diferenciação de mercado. Constatou-se que as mudanças de fase ocorreram porque
ao longo do tempo, a troca de estratégias de diferenciação fez com que a firma
obtivesse vantagem competitiva. Os microfundamentos de capacidades dinâmicas
que contribuíram neste processo de inovação, foram evidenciados. Uma nova
capacidade dinâmica, denominada de orchestrating, foi proposta. Ela está associada
a mobilização de recursos externos à firma, com objetivo de criar valor não apenas
para a própria, mas também para os demais elos de sua cadeia de valor. Dois
microfundamentos da capacidade de transforming (co-inovação e governança) e dois
da capacidade de orchestrating (desenvolvimento da cadeia de valor e, influência na
cadeia de valor), apresentaram-se como essenciais para firmas que estão no trânsito
de um modelo linear para um modelo circular de negócio. Um microfundamento da
capacidade de sensing (monitorar demandas de mercado), mostrou-se responsável
por conferir agilidade e diferenciação de mercado à firma, que inova em modelos de
negócio para a sustentabilidade.