Resumo:
A imposição dos objetivos e dos projetos de pessoas de um grupo sócio e culturalmente valorizado, ladeado à submissão e menosprezo aos projetos e à vida das pessoas de grupos sem nenhum prestígio social refletiram-se na formação da sociedade brasileira. E, se no passado, a atitude de subjugar pessoas causou insatisfação, prejuízos e traumas nas subjugadas, no presente, as consequências disso ainda não foram totalmente superadas. No contexto escolar, essas consequências, ocasionalmente, vêm à tona de diferentes formas, inclusive na aprendizagem de uma língua, seja ela estrangeira ou materna. Ciente disso, a escola precisa agir em prol da construção de pontes sobre o boqueirão que separa os aprendizes do conhecimento e levam à conscientização da sociedade de modo que essa instituição possa promover a ruptura das barreiras sociais do presente, reparar danos causados no passado e evitar danos futuros. À vista disso, este estudo apoia-se nos pressupostos da Teoria Sociocultural, no Letramento Crítico e na Pedagogia Crítica para compreender de que modo fatores como o perfil socioeconômico, a faixa etária e as experiências pessoais de aprendizagem dos alunos da EJA se refletem no processo de ensino e aprendizagem de inglês. Para este fim, desenvolveu-se uma pesquisa de campo no segundo semestre de 2017 e primeiro semestre de 2018, cujo cenário foi, inicialmente, duas turmas, de ingressantes no Ensino Médio da EJA, em uma cidade maranhense e, posteriormente uma turma de concluintes no mesmo contexto. Para a geração dos dados recorreu-se aos instrumentos e aos procedimentos inerentes à pesquisa-ação colaborativa. Os resultados apontam que, a partir do seu envolvimento nas diferentes atividades, escrita e orais, os alunos perceberam-se com potencial para a aprendizagem de inglês. Assim, o estudo, mostrou que, houve mudança de atitude no tocante à aprendizagem de inglês e à ruptura do que para os participantes era considerada uma barreira. Com isso, evidenciou-se que, por meio da parceria entre a professora de inglês e a professora-pesquisadora, o ensino de línguas ou de qualquer outra disciplina, quando contextualizado, é matéria prima para que os aprendizes façam conexões entre seu conhecimento de mundo e o novo conhecimento que desejam ter. Diante disso, este estudo defende que, em um contexto de liquidez de práticas sociais e celeridade nos meios e formas de interações entre os grupos, é preciso valorizar as centelhas de mudanças nas ações de quem ensina ou de quem aprende inglês. Assim, tais mudanças são necessárias para dar início a algo mais sustentável e consistente para a vida de quem precisa transitar ou inserir-se na liquidez das práticas cotidianas da Pós-Modernidade.