Resumo:
O presente estudo aborda a fotografia como uma imagem em crise que, em constante (re)construção, tenciona os elementos relativos à sua própria constituição. Alicerçada no conceito de imagem crítica descrita por Georges Didi-Huberman (1998), a imagem em crise surge apoiada em obras fotográficas pregnantes de múltiplos significados e se desenvolve como uma forma (des)construtiva de olhar a imagem fotográfica contemporânea. O corpus desta pesquisa é constituído a partir de fotografias contemporâneas que circulam no Instagram. Tais obras fotográficas são exploradas por meio de três eixos de observação, que expõem os âmbitos de crise da imagem fotográfica dos dias atuais. O primeiro eixo discute a imagem em crise a partir do conceito de fotografia de interface. O referido conceito se estabelece como sendo uma atualização do modo de ser da fotografia, refletindo sobre a sua nova constituição em meio a ambientes nos quais a imagem fotográfica não deve ser pensada considerando apenas o referente dentro do quadro fotográfico, mas sim, articulada a elementos interativos da interface (ou seja, responsáveis por gerar outras noções de imagem). O segundo eixo pensa a crise das imagens através da perspectiva do dispositivo fotográfico, que considera o modo como o Instagram afeta e condiciona, de diferentes formas, a atual conjuntura do fazer fotográfico. O terceiro e último eixo de observação aborda o âmbito memorial e histórico das imagens em crise. Por meio de conceitos tais como da “teia de imaginário”, este eixo provoca reflexões para que se pense a constituição dessas obras fotográficas contemporâneas como diversos fragmentos de um passado que se apresenta sempre atual ao retornar como parte constituinte dessas fotografias. Sendo assim, a imagem em crise se situa como um conceito articulador de diferentes perspectivas que tenciona os construtos de imagem fotográfica contemporâneos em seu constante fluxo (des)construtivo, visando agregar conhecimento para os estudos da imagem.