Resumo:
Fenômenos relacionados à inovação vêm sendo considerados importantes mecanismos para o desenvolvimento econômico e social (ISENBERG; ONYEMAH, 2016; NICOTRA et al., 2017), trazendo para o centro do debate entre acadêmicos e executivos como redes colaborativas dinâmicas de pessoas e organizações podem ser desenvolvidas com o objetivo de gerar um cenário competitivo e empreendedor. Tais estruturas são reconhecidas como Ecossistemas de Inovação e caracterizam-se por atividades inovadoras que dependem de acordos de colaboração entre empresas e instituições locais, envolvendo universidades, institutos de pesquisa, centros de transferência de tecnologia, entre outros (AUTIO; THOMAS, 2014). Neste contexto, as universidades passam a figurar como um grande influenciador e facilitador do processo de criação e desenvolvimento de Ecossistemas de Inovação (FOSS; GIBSON, 2015). Para compreensão do fenômeno, utilizou-se a Teoria do Trabalho Institucional (LAWRENCE; SUDDABY, 2006), que reforça a centralidade do ator e de suas práticas na promoção de novas configurações institucionais. Desta forma, a presente tese concentra-se nas práticas empreendedoras de uma universidade, objetivando entender quais são e como influenciam a formação de um Ecossistema de Inovação. A pesquisa empírica empregou uma abordagem qualitativa processual, onde resgatou-se a trajetória da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), destacando sua mudança organizacional voltada para uma postura mais empreendedora e conectada com o mercado, a qual reverberou na formação de um Ecossistema de Inovação. Desta forma, o estudo endereça três principais contribuições: (1) o duplo papel da universidade no processo, enquanto ponto focal e articulador de práticas com demais atores e de suporte no ecossistema ao se transformar internamente; (2) a importância de práticas colaborativas que reverberam em materialidade no início do processo, com destaque para o estabelecimento de parcerias da universidade com empresas, o desenvolvimento de pesquisas voltadas a demandas de mercado e construção de novos empreendimentos no campus; e (3) a predominância de Trabalho Institucional Relacional como principal forma empregada na transformação do ambiente e a reflexividade da universidade em buscar o novo contexto. Os resultados obtidos intencionam fomentar novas pesquisas e discussão sobre diferentes formas empregadas para configuração de espaços de inovação e empreendedorismo a partir de práticas colaborativas.