Resumo |
Este artigo discute a respeito das aproximações e dos distanciamentos da formação em nutrição em relação ao campo da saúde mental brasileira, observados e vivenciados durante a experiência de uma nutricionista em um programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental (RIMS). Desloca-se dos habituais modos de fazer pesquisa nessa temática ao entender o processo de construção do conhecimento durante a RIMS como pautado no fazer prático. Para tanto a metodologia escolhida para dar rumo ao presente trabalho foi uma narrativa de inspiração cartográfica, proposta de pesquisa-intervenção bastante utilizada no campo da saúde mental, que defende a não-separação sujeito/objeto e que leva em consideração a implicação do pesquisador, a complexidade e a indissociabilidade da produção de conhecimento da atuação/intervenção. A inserção do nutricionista nos serviços de saúde mental vai ao encontro do modelo de atenção e cuidado proposto pela Reforma Psiquiátrica. No entanto, a formação em nutrição ainda inclina, de forma geral, para um fazer que implica o tecnicismo, o biologicismo e o fortalecimento da especialização e da fragmentação do conhecimento e das práticas, afastando esse profissional do diálogo com os saberes psicossociais e das ciências humanas. Portanto, o trabalho na perspectiva da saúde mental, que sugere uma clínica “comum”, requer alto grau de desconstrução do saber nuclear do nutricionista tradicional, ampliando assim as possibilidades teóricas e práticas da profissão.; |