Resumo:
Nos últimos anos, o desperdício de alimentos tem recebido crescente interesse dos governantes, organizações não governamentais, nacionais e internacionais e acadêmicos de diversas áreas disciplinares. Preocupações crescentes sobre a segurança alimentar, a distribuição dos alimentos e os impactos ambientais que a produção de alimento pode causar. Gera interesse e atrai a atenção ao tema. Embora o desperdício de alimentos ocorra em todos os estágios da cadeia de abastecimento alimentar, nos domicílios foram identificados como atores-chave na geração de resíduos alimentares. No entanto, as evidências sobre por que o desperdício de alimentos ocorre permanecem inconclusivas. Neste estudo são analisados os hábitos de desperdício ocorridos em ambientes familiares
pertencentes a Base da Pirâmide (BoP), levantando os fatores que fomentam e/ou impedem a geração de desperdício de alimentos no nível domiciliar. O objetivo do trabalho é propor diretrizes para minimizar o desperdício de alimento doméstico e poder auxiliar as famílias que
pertencem a BoP. Para a pesquisa realizou-se entrevistas com 18 membros do núcleo familiar responsáveis pelo alimento, e pertencentes a famílias economicamente vulneráveis e dependentes de doações de alimentos. E 5 voluntários que trabalham na Instituição Filantrópica que atendem o primeiro grupo que é assessorado. Os dados obtidos foram analisados no sentido de identificar possíveis geradores de desperdício na prática no dia a dia destas famílias. Como esperado, não foram identificados desperdícios substanciais ligados aos hábitos de aquisição dos alimentos, sendo a própria condição econômica das famílias identificada como uma barreira para isso. Porém foram identificados desperdícios de alimentos provocados por traços culturais e hábitos pessoais, mesmo em situação de miséria, e desperdícios de partes de alimentos devido aos hábitos e falta de informação. As principais diretrizes para minimizar os desperdícios identificados referem-se a ações de campanhas educativas, incentivos fiscais para impulsionar as atividades e incentivo na articulação entre as instituições filantrópicas. Deste modo, esperase que o poder público, empresas e instituições filantrópicas possam contribuir neste âmbito, melhorando a qualidade de vida da população da BoP.