Resumo:
Situações de incêndio possuem um grande potencial destrutivo para a sociedade. Um esforço significativo tem sido feito no Brasil para a avaliação da resistência ao fogo de alguns elementos. Entretanto, em relação às paredes de vedação ou com função estrutural, compostas por alvenarias de tijolos ou blocos, gesso ou concreto, há poucos estudos acadêmicos no país em escala real e ainda não foram feitas pesquisas com elementos de instalações prediais no interior de sistemas de compartimentação. Isto evidencia a importância desta pesquisa que buscou avaliar a resistência ao fogo de paredes através da ABNT NBR 10636: 1989, verificando a influência de aberturas destinadas a instalações elétricas e hidráulicas. Para atingir o objetivo proposto, foram confeccionadas amostras em escala real e ensaiadas no forno vertical do Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (itt Performance), levando em consideração a curva de aquecimento padrão ISO 834/99 para verificação dos critérios de estabilidade, estanqueidade e isolamento térmico. A amostra referência (P-1) fora executada com blocos cerâmicos e revestimento argamassado, não possuindo instalação predial e, para fins de comparação, a amostra 2 (P-2) possuía aberturas com dimensões de 120 mm x 80 mm, contendo caixas de PVC para tomadas e componentes elétricos e a amostra 3 (P-3) aberturas de diâmetro 30 mm no ponto de saída de água das instalações hidráulicas. Durante a etapa de caracterização dos materiais, foram encontradas variações nas propriedades da argamassas utilizadas no revestimento das amostras. Conforme os resultados experimentais, todas as paredes mantiveram sua estabilidade e estanqueidade durante os 240 minutos de ensaio, entretanto, a capacidade de isolar termicamente foi comprometida em determinado instante. A P-1, P-2 e P-3 foram qualificadas como TRF 134 minutos, TRF 124 minutos e P-3 com TRF 193 minutos, respectivamente. O desempenho da amostra referência (P-1) foi comprometido devido ao desplacamento do revestimento argamassado e o lascamento dos blocos cerâmicos no decorrer do ensaio, o que também ocorreu na P-2. Logo, não se pode isolar os efeitos combinados da dilatação térmica diferencial, do desplacamento do revestimento, lascamento do substrato cerâmico, das propriedades dos materiais empregados, assim como da transferência de calor pelas aberturas nas amostras com instalações, que influenciaram no desempenho das paredes. Concluiu-se que, nas regiões com aberturas de instalações prediais que permitem a passagem de gases quentes, a superfície não exposta às altas temperaturas perde sua capacidade de isolamento em um menor tempo em comparação à superfície no entorno, o que reduz a resistência ao fogo de sistemas de compartimentação