Resumo:
Abordamos o meio filme Avatar enquanto interações que mobilizam processos midiáticos. Esse é inserido em um contexto complexo, de midiatização, através da circulação (VERÓN, 2001), vista como interação entre atores, meios e instituições (1997) que se norteiam por lógicas de produção e reconhecimento que acionam discursos (2005). Compreende-se esses discursos como ações, que são objetivadas pelos atores e instituições em rede, a partir de suas percepções e afetações (DELEUZE, 1983) e que se relacionam com outros discursos prévios. Dessa forma, toda ação discursiva pressupõe operações anteriores, à montante, e reconhecimentos almejados, à jusante, formando um fluxo contínuo, sempre adiante (BRAGA, 2012). Nesse sentido, nosso objetivo é perceber lógicas que demonstram continuidades e defasagens em relação aos discursos produzidos por atores e instituições em rede, considerando as incertezas e indeterminações (FERREIRA, 2016a) presentes nas interdiscursividades. Para isso, partimos da constituição de um caso de investigação através do método de Ferreira (2012; 2016b; 2018) que delimita um percurso composto por inferências preliminares, dedutivas e indutivas, com incursão no campo de pesquisa e elaboração de um aporte teórico-metodológico pertinente. Nosso objeto empírico é o filme Avatar enquanto meio e discurso imerso em processualidades interacionais observáveis. Para análise dessas processualidades, elaboramos, através de relações cruzadas entre a abordagem de Deleuze e Verón, uma matriz de aplicação lógica a qual chamamos de matriz PAA (percepção, afecção, ação). Fizemos sua operacionalização na análise das ações discursivas, observando as interconexões entre produção, meio e recepção. Esse movimento nos permitiu perceber que os discursos, enquanto continuidades e defasagens, se apresentam como formação de agrupamentos por similaridade e pertencimento. Onde cada alteração de significação promove também um deslocamento de grupo de pertencimento, mas nunca isolamento discursivo. Ou seja, toda ação discursiva que permite a aproximação com um grupo, consequentemente, promove o afastamento com outro(s). E, frente ao movimento constante de percepções e afetações que geram novas ações, os agrupamentos vão se deslocando, demonstrando (res)significações em relação a um discurso de referência.