Resumo:
O tema da orientação empreendedora tem encontrado amplo abrigo na literatura inerente aos campos de estratégia e empreendedorismo. Neste estudo, assume-se a orientação empreendedora como conceito corolário do campo da estratégia, especialmente da vertente calcada na adaptação organizacional ou intencionalidade gerencial. No que tange ao campo empírico, as universidades constituem-se em um contexto relevante e pouco explorado para o estudo da ação estratégica, tendo em vista a dinâmica ambiental que constantemente as desafia, devido à necessidade de maior aproximação com a sociedade como um todo. A fim de atender as alterações ambientais e de interferir na própria dinâmica ambiental, as universidades têm se movimentado em direção a novos modelos organizacionais, com destaque ao da universidade empreendedora ou inovadora, o qual vem sendo utilizado em diferentes realidades econômicas e sociais. Nesse contexto, esta pesquisa tem o objetivo de analisar o estabelecimento da orientação empreendedora no ambiente acadêmico, baseado em proposições teóricas e nas transformações institucionais realizadas por universidades, no Brasil e na Suécia, em direção a um modelo de universidade empreendedora. Em termos metodológicos, esta pesquisa centra-se em um estudo de casos múltiplos ou comparativos, de natureza qualitativa, baseado em três universidades: duas no Brasil, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e uma na Suécia, a Lund University (LU). Como fonte direta de dados, entrevistas in loco foram realizadas com vários gestores das universidades pesquisadas. Dados secundários também foram coletados por meio de websites e documentos institucionais, livros, artigos, entre outros. Os resultados mostram o papel-chave desempenhado pela gestão estratégica das universidades pesquisadas no estabelecimento da orientação empreendedora, baseado na perspectiva indeterminista do ambiente. Os três casos pesquisados apresentam variadas ações e mecanismos de inovação e empreendedorismo em direção a um modelo de universidade empreendedora, por meio de comportamentos empreendedores recorrentes ao longo do tempo. Os casos estudados também revelam vínculo de origem da terceira missão acadêmica com as atividades de pesquisa e significativo enraizamento no entorno de atuação.