Resumo:
O aumento dos Acordos Preferenciais de Comércio (APCs) tem modificado o cenário do comércio internacional. No caso brasileiro, o país se mostra relativamente isolado no cenário das negociações comerciais preferenciais, não possuindo um conjunto de acordos comerciais importantes com parceiros extra-regionais. Nesse sentido, o estudo busca examinar através de um modelo de equilíbrio geral computável (GTAP), os efeitos que a criação de APCs com importantes parceiros comerciais do Brasil teria sobre variáveis-chave para a economia, especialmente bem-estar e comércio internacional. Além das reduções das tarifas de importação, o trabalho também explorou os efeitos da redução das barreiras não-tarifárias (BNTs). Os impactos da formação de acordos de livre comércio geralmente se concentram naqueles setores mais protegidos antes da criação do bloco. Nas simulações realizadas neste trabalho, isso também se observou. Os resultados mostraram um aumento expressivo nas exportações de produtos primários e de baixa intensidade tecnológica, quando simulada a redução parcial e plena das tarifas de importação, no entanto quando simula-se além da redução das tarifas de importação a redução das BNTs, verifica-se que o sistema produtivo brasileiro pode ser afetado de diferente forma. Com a redução plena de tarifas e BNTs, as exportações brasileiras de setores de maior conteúdo tecnológico seriam as mais beneficiadas, enquanto a liberalização parcial das BNTs, além de reduzir a magnitude das exportações em todos os acordos, iria estimular mais setores de menor conteúdo tecnológico em vários acordos. No que se refere ao ganho de bem-estar, verifica-se o mesmo comportamento das exportações, mas quando ocorre a redução das BNTs, o maior ganho de bem-estar é obtido em setores de maior intensidade tecnológica.