Resumo:
Diante da problemática de saúde pública que o uso de crack se configura no Brasil, evidência-se que as habilidades sociais (HS) podem representar um auxílio no processo de recuperação dos usuários. Desta forma, objetivou-se conhecer as HS de usuários de crack, avaliando prejuízos e suas relações com as características da população. Para isso, realizaram-se dois estudos empíricos quantitativos com a finalidade de: 1) avaliar déficits de HS e identificar se existem associações com as características sociodemográficas e de padrão de consumo de drogas; 2) comparar as HS de usuários de crack e de não usuários para verificar a existência de déficits na população clínica. Participaram de ambos os estudos 65 homens usuários de crack em tratamento em comunidades terapêuticas. No segundo estudo, participaram também 48 homens não usuários de substâncias. Os instrumentos utilizados foram: Questionário de dados sociodemográficos, Inventário de Habilidades Sociais, Screening cognitivo do WAIS e MINI. No primeiro estudo observaram-se associações nos usuários de crack entre déficits nas HS e idade, classe socioeconômica, familiares usuários de substâncias, atos ilegais, uso concomitante de álcool, início precoce do uso de crack e consumo diário. No segundo estudo foram identificados déficits significativos em relação à conversação e desenvoltura social e ao autocontrole da agressividade a situações aversivas entre os usuários de crack. Os estudos permitiram o conhecimento sobre as HS nos usuários de crack, possibilitando futuro desenvolvimento de intervenções que visem aumentar as HS, de acordo com a demanda encontrada, para auxiliar na recuperação de tal população.