Resumo:
A construção civil consome uma grande quantidade de matérias primas e energia. No consumo de energia especificamente, o segmento residencial é muito expressivo pois utiliza o equivalente aos setores comercial e público juntos, em todas as fontes de energia, envolvendo desde a energia para a produção de materiais e componentes, como a energia utilizada na fase de uso das edificações. No Brasil, o setor de habitação de interesse social (HIS) teve um impulso significativo com o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), que objetiva a redução do deficit habitacional brasileiro e a promoção do crescimento econômico. Práticas de ações voltadas à economia e otimização da construção, desde a fase de projeto até a execução, são muito oportunas, tendo em vista a atual crise energética que o país vem enfrentando e a escala do segmento de HIS. Neste contexto, o projeto tem papel crucial como indutor da racionalização da construção, pois, a escolha dos materiais e decisões quanto à arquitetura tem influência direta no consumo de materiais e impactos relacionados. O estudo busca investigar o efeito da compacidade do projeto (através do índice econômico de compacidade – IeC) em diferentes sistemas construtivos, utilizados em empreendimentos de habitação de interesse social (EHIS), na energia incorporada (EI) e nas emissões de CO2. A pesquisa analisou cinco projetos de edifícios do PMCMV, e para cada um considerou três sistemas construtivos (alvenaria estrutural com blocos cerâmicos, alvenaria estrutural com blocos de concreto e paredes de concreto). A pesquisa foi conduzida através de três etapas: (1) quantificação dos materiais dos projetos; (2) análise da energia incorporada e emissões de dióxido de carbono (CO2) dos materiais de construção através de dados publicados na literatura e em dados do software Cambridge Engineering Select; (3) verificação da correlação entre compacidade, energia incorporada e emissões de CO2. Quanto ao consumo de materiais, os resultados mostram diferença aproximada de 20% em massa (kg) entre os projetos com menor e maior índice econômico de compacidade, e diferença entre 16% a 20% na análise de EI e emissões de CO2, quando são analisados projetos de um mesmo sistema construtivo.