Resumo:
Esta pesquisa teve como objetivo explorar as práticas dos psicólogos na clínica das psicoses dos CAPS de Santa Catarina. O delineamento empregado foi misto, com dois estudos ocorrendo concomitantemente. No primeiro estudo, são I, trata-se de uma pesquisa quantitativa, de cárter descritivo e transversal. Participaram 48 Psicólogos de CAPS I, II e III do estado de Santa Catarina. O instrumento de pesquisa foi um questionário on-line contendo 24 perguntas. Os dados foram avaliados através de análises descritivas e análise de conteúdo. Já o segundo estudo, na são II, foi qualitativo, descritivo e transversal. A coleta de dados foi realizada com entrevista semiestruturada, analisada através de análise de conteúdo. Participaram 10 psicólogos de CAPS I, II e III de quatro regiões diferentes do estado. Ambos tiveram seus instrumentos subdivido em quatro eixos: características da formação acadêmica e percurso profissional, avaliações pessoais e institucionais, identificação das intervenções clínicas utilizadas por estes profissionais, além de suas dificuldades e limitações. Os resultados da seção I indicaram melhora no ensino de graduação para atuação em CAPS, e as práticas evoluíram para um direcionamento ampliado, sendo mais diversificadas e menos focadas no atendimento psicoterapêutico individual. A avaliação sobre a qualidade dos CAPS também teve viés positivo, sendo considerados como instituições que prestam bons serviços. Apesar dos avanços, algumas necessidades de evolução existem, como maior foco nos processos externos ao CAPS, na produção de autonomia e desestigmatização. Com relação a melhorias nos serviços, há a necessidade de avanços na gestão dos recursos financeiros e humanos, na valorização profissional, na fiscalização dos serviços, na qualificação técnica, no fortalecimento de redes de apoio comunitário e familiares e na articulação com a rede de saúde. Já na seção II, os resultados mostraram formação insuficiente para atuação nos serviços. O trabalho em equipe foi considerado satisfatório, com boas parcerias estabelecidas e sendo fonte de prazer para os profissionais. Os dados também mostraram evolução das práticas desenvolvidas pelos psicólogos para patamares mais aproximados da proposta de atenção psicossocial contida nos preceitos da reforma psiquiátrica nacional. Os CAPS foram avaliados como de boa qualidade. Alguns problemas apontados foram: a má política de gestão do trabalho, a escassez de recursos, a pouca articulação externa de alguns CAPS. Concluiu-se que há necessidade de avanços na formação dos psicólogos para atuação em saúde mental coletiva, bem como fortalecimento na atuação em rede para promover ganhos nos processos de autonomização e reinserção social dos usuários.