Resumo:
A não-linearidade tem sido apontada como uma das principais características do hipertexto, nele a sequencialidade não linear pode sugerir imprecisão lógica ou estrutural, ou falta de coesão linguística. Investigar sobre a organização do hipertexto, nos estudos linguísticos é fundamental para que ele seja compreendido como texto, a partir de enunciações digitais e da leitura do sujeito. A pesquisa a ser apresentada investigou ações e movimentos hipertextuais que possibilitaram propor a existência de uma organização linguística hipertextual, a partir da produção textual dos alunos, com hipertextos. Tais ações e movimentos hipertextuais foram identificados e analisados, em uma pesquisa empírica de cunho participante (WELLS, 2007), a partir de gravações em vídeo, produzidas durante o processo de busca por informações na internet, para a realização de um trabalho escolar por um grupo de estudantes de uma escola pública do município de Novo Hamburgo. Para analisar os dados, o referencial teórico teve características de interdisciplinaridade, trabalhando com os seguintes conceitos: hipertexto (LANDOW, 1995; 1997); referenciação (MONDADA; DUBOIS, 2003), concepção cultural de produção de sentido, construída a partir do cotidiano, (CERTEAU, 1994), estendido através de (LEMOS, 2001) com o ciber flânerie. A partir da leitura em contexto digital, a pesquisa identificou ações hipertextuais realizadas pelos usuários, as quais desencadeiam movimentos hipertextuais recorrentes com funções anafóricas e dêiticas, que possibilitam o reconhecimento de uma organização para o hipertexto. A análise permitiu verificar que as funções anafóricas e dêiticas são constituidoras da referenciação no hipertexto e responsáveis por sua organização, possibilitando que o texto digital seja compreendido como um processo de produção textual constituído pelos recursos da linguagem digital.