Resumo:
As intervenções de designers que, como consultores, interagem com comunidades de artesãos, para qualificar a produção artesanal e reposicioná-la no mercado consumidor, são populares no Brasil - devido ao seu potencial de gerar desenvolvimento econômico e social para tais comunidades. Investiga-se tais interações a partir da perspectiva do design estratégico, visando a geração de valor através de processos que envolvem múltiplos atores na elaboração de soluções. Objetiva-se a proposição de caminhos estratégicos para a qualificação das consultorias de designers nas comunidades artesanais, visando à promoção de processos de co-design que contribuam para a maior autonomia das comunidades em relação às instituições que fomentam tais intervenções. A partir de uma investigação exploratória, são realizados estudos de caso com três grupos produtores de artesanato que contaram com a presença de designers para o desenvolvimento de seus produtos. Analisa-se a trajetória e processos de criação de artefatos destes grupos, e descreve-se um ambiente projetual em que a estrutura organizacional e as relações interpessoais influenciam a atuação dos designers e a continuidade do projeto, e a introjeção das competências dos consultores, e o fortalecimento da rede de valor dos grupos favorecem a autonomia dos artesãos. Sintetizam-se quatro proposições centrais: 1) a atuação do designer como um agente de capacitação do grupo na cultura do design; 2) a criação de um espaço de co-design condutivo a uma experiência imersiva, favorecendo simultaneamente as relações interpessoais e a projetação colaborativa; 3) a facilitação do processo de co-design e da capacitação dos artesãos, a partir de instrumentos que combinam pesquisas metaprojetuais e o desenvolvimento das relações entre os participantes; 4) o fortalecimento da rede de valor dos grupos através de colaborações horizontais intergrupais.