Resumo:
Esta dissertação propõe-se a investigar a representação de trabalhador em canções de Chico Buarque, tomando por base a teoria enunciativa de Émile Benveniste (PLG I e PLG II). Na realização dessa proposta, um impasse foi encontrado: as canções de Chico Buarque valem-se de linguagem poética, deixada de lado, em PLG I e PLG II, restritos ao estudo da linguagem ordinária. Partindo da indicação feita pelo autor de que suas formulações sobre a linguagem ordinária podem ser, direta ou indiretamente, esclarecedoras para o estudo da linguagem poética, revisitamos seus textos produzidos entre 1967 e 1970, em que é mencionado o interesse pela linguagem poética e a reflexão encontra-se centralizada sobre a noção de significância. Com base nessa re-leitura, chegamos à conclusão de que a teoria de Benveniste comporta a poética. Derivamos, então, de suas reflexões modos de compreender a linguagem poética, bem como possibilidades de análise de poemas. Tendo em vista que, sob a perspectiva enunciativa, não se vai ao corpus com categorias prévias de análise, procuramos nas próprias canções os elementos para construir sua significação. Analisamos três canções: Construção (1971), Cotidiano (1971) e Ela é dançarina (1981). Os resultados mostram que nessas canções encontramos um dizer sobre o mundo, que contribui para a compreensão da experiência humana.