Resumo:
A partir da premissa de que a discussão de gosto entre fãs e antifãs traduz um recorte importante da cultura pop dentro das redes sociais, busco compreender a forma em que esses grupos se organizam, mobilizam e performatizam em prol de seus ídolos. Com os trabalhos de Bourdieu (2008), Baym (2009, 2011), Gray (2001, 2006) e Hennion (2007, 2010) como base, proponho discutir de que forma esses grupos, para legitimar seus gostos, criam hierarquias, se apropriam, recriam, produzem novos materiais e, principalmente, como a relação entre eles
reconfigura a identidade de cada nicho. Figuras centrais na atual indústria do entretenimento, fãs e antifãs configuram uma nova etapa no estudo da cultura dos fãs, onde a disputa de poder, discussão de gênero e a dicotomia bom/mau gosto é essencial para a compreensão desse fenômeno. Com o objetivo de compreender a dinâmica entre fãs, foi feita uma pesquisa etnográfica e observacional com os fãs e antifãs da banda brasileira Restart; 64 fãs foram entrevistados em shows (Porto Alegre e Salvador) combinados com entrevistas online e observação de perfis no microblogging Twitter. Ao fim, mobilização, organização e categorização tanto de fãs/antifãs, como de suas estratégias, foram dissecados, assim como as características que tornam essa disputa importante para o entendimento do comportamento do fã nos dias de hoje.