Resumo:
A partir de 1990 ocorreu um "boom" de Acordos Preferenciais de Comércio no mundo e este trabalho procurou identificar justamente se este novo regionalismo propiciou criação ou desvio de comércio aos seus participantes, bem como, desvio de exportação. Para isto, utilizou-se o modelo gravitacional com dados em painel compreendendo o período de 1990 a 2009. Em termos metodológicos, foram comparados os estimadores mais utilizados à equação gravitacional, MQO (pooled data), LSDV, HT, PMVP e Between. O estimador LSDV foi o que apresentou melhor desempenho no presente estudo e se constatou que o modelo gravitacional é extremamente sensível a presença de outliers. Os resultados sugerem que houve criação de comércio e desvio de exportação com a formação do Mercosul. Já o Nafta, além de ter sido o único bloco que se percebe um efeito antecipação sobre seus fluxos de comércio intrazona, há sinais de que o crescimento do comércio ocorrido se deu através de criação de comércio. De forma distinta, os resultados para a Comunidade Andina e para a EFTA indicam que ambos não expandiram seus níveis de comércio intrabloco, levando em conta a análise de apenas uma dummy para todo o período e para cada bloco. Não obstante, há indícios de que o Asean e o PAFTA desviaram comércio e, destaca-se também, a natureza exportadora desses blocos. Os níveis de comércio intrabloco da União Europeia (UE) parecem que chegaram ao seu limite, dado que o bloco não alavancou suas importações intrabloco. Semelhantemente, esta situação foi observada no Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA). Por fim, a forma como evoluíram os fluxos de comércio intrazona (ex ante e ex post) decorrentes da constituição dos blocos foi diferente não somente em termos de volume, mas também na velocidade em que eles responderam a sua formação, isto é, seu efeito foi percebido imediatamente em alguns casos e em outros ele demorou alguns anos.