Resumo:
Esta tese investigou o desenvolvimento da competência de orquestração individual para atuação do orquestrador no contexto de ecossistemas de inovação urbanos. Em um cenário de inovações abertas e colaborativas emergem os ecossistemas de inovação. Movimentos globais, organizados nas últimas décadas como estratégias de desenvolvimento urbano, por meio de ação coletiva, articulados pelos atores da quádrupla hélice – universidades, empresas, governo e comunidade em geral, constituem-se em ecossistemas de inovação urbanos, visto que as cidades têm enfrentado diversos desafios e dificuldades socioeconômicas. Gerenciar os processos de inovação é uma tarefa complexa que exige a mobilização dos atores por meio da orquestração articulada por um orquestrador. Nesse contexto, existe uma dificuldade em articular e orquestrar os atores inseridos no ecossistema de inovação urbano identificando-se como lacuna de pesquisa a necessidade de discussão da abordagem baseada em competência do orquestrador. Porém, a literatura não aborda com profundidade e clareza; além de não se saber como desenvolver essa competência nos indivíduos. Para isso, foi realizada a construção e a discussão do referencial teórico sobre a dimensão da competência individual, competência de orquestração, ecossistema de inovação e ecossistema de inovação urbano, bem como o planejamento, desenvolvimento e validação de um método de capacitação para o desenvolvimento da competência de orquestração individual, no contexto de ecossistemas de inovação urbanos, com o desenho metodológico da Design Science Research (DSR), integrando um conjunto de atividades, para propiciar uma experiência de aprendizagem imersiva, a partir de uma Jornada Formativa de Aprendizagem, no formato de um BootCamp, nomeado BootCamp Orchestration Lab, no metaverso Second Life, inspirado na aprendizagem baseada em fenômenos (phenomenon-based learning) e no método Change Laboratory Method,. O método de capacitação, além do referencial teórico abordado, considerou o entendimento do contexto da prática de orquestração em ecossistemas de inovação urbanos, com a realização de entrevistas com 19 orquestradores das cinco regiões territoriais do Brasil. A implementação do artefato teve a participação de 11 integrantes do Núcleo Gestor da Rede RS Startup, projeto com iniciativa da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul (RS), da Aliança para a Inovação e da Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (REGINP), integrando 10 Gestores de Inovação e Tecnologia e a Coordenadora. Os principais resultados se referem a expansão do modelo teórico de orquestração em redes e em ecossistemas de inovação, organizado sob a perspectiva de papeis e atividades do orquestrador e dimensões da orquestração, para uma abordagem de competência de orquestração individual, com a proposição da definição dessa competência e a identificação de 33 atributos no referencial teórico e 103 atributos a partir das entrevistas, a implementação e a validação do método de capacitação proposto para o desenvolvimento da competência individual de orquestração. Ademais, a avaliação do processo de desenvolvimento da competência de orquestração em ecossistemas de inovação urbanos empregou a técnica de incidentes críticos, identificando evidências no percurso das atividades da capacitação desenvolvidas pelos sujeitos participantes, gerando um ecossistema de aprendizagem, a partir da teoria da atividade numa perspectiva ecossistêmica.