Resumo |
O processo de contração muscular produz uma cascata de eventos que inclui respostas hormonais e imunes, estímulo para ativação de células satélites, culminando no aumento da síntese protéica. Ao final, essas respostas promovem aumento da proteína muscular e consequente aumento da produção de força. Entretanto, durante o exercício, o músculo esquelético é submetido a altas cargas mecânicas, especialmente na fase excêntrica da contração, que induzem dano muscular. O dano muscular é seguido por uma resposta inflamatória aguda, desenvolvimento de dor e diminuição da capacidade de geração de força no músculo (BUCLEY et al, 2010). Todos esses eventos culminam na dimiuição do desempenho atlético e no aparecimento de dor muscular de início tardio, que resultará numa fase de recuperação entre sessões de treino maior. Tanto exercício de endurance quanto de força estão associados com altos níveis de lesão muscular, processo que é caracterizado pelas rupturas das linhas Z e do retículo sarcoplasmático das miofibrilas musculares (BELCASTRO et al, 1998). São considerados marcadores de dano muscular as enzimas creatina quinase (CK) e lactato desidrogenase (LDH) e a presença de dor muscular. Após o exercício, a taxa de degradação protéica muscular aumenta (KOOPMAN, 2004), e para que haja um balanço positivo de proteínas, é necessário o fornecimento desse nutriente após o exercício, em especial, os aminoácidos essenciais, por dois principais motivos: 1) são necessários para que haja a transcrição protéica (são sinalizadores da síntese), e 2) é indispensável que todo o pool de aminoácidos esteja disponível para que o RNA mensageiro seja gerado - tal é a importância da ingestão de aminoácidos que não produzimos (SHIMOMURA et al, 2010). Aparentemente, alguns aminoácidos desempenham mais funções do que a simples formação protéica. Por exemplo, a leucina parece estar associada com inibição de vias autofágicas de degradação muscular (SHIMOMURA et al, 2010), a arginina demonstrou aumentar os níveis do hormônio do crescimento e a glutamina parece produzir efeitos benéficos no sistema imune e regulação da glicose (ANTONIO e STREET, 1999). A suplementação de aminoácidos após o exercício parece estar associada com a diminuição de marcadores de dano muscular, como as CK e LDH (KRAEMER et al, 2008). A suplementação nutricional no pós-exercício favorece a resposta anabólica (BATY et al, 2007). A utilização de carboidrato durante a fase de recuperção diminui a excreção de uréia na urina, o que sugere que a degradação protéica está diminuída (KOOPMAN, 2004). Entretanto, a síntese protéica não parece ser influenciada pela ingestão desse macronutriente. Para contornar essa situação, a combinação de carboidrato e proteínas tem sido utilizada na tentativa de promover essa ação hipertrófica (KOOPMAN, 2007). Além de disponibilizar aminoácidos como precursores da síntese protéica, a ingestão combinada de carboidrato e proteína promove uma resposta insulinotrópica importante. Existem hoje na literatura, indícios de que essa combinação seja a mais adequada para estimular o anabolismo e diminuir sinais e sintomas de dano muscular (BATY, 2007; MILLER, 2003; KOOPMAN, 2005), entretanto, da mesma forma existem estudos que não encontram quaisquer modificações nos parâmetros estudados (WHITE, 2008; BUCKLEY, 2008). Por conta dessa grande controvérsia ainda existente, o objetivo desse trabalho foi fazer um levantamento dos estudos existentes na literatura, que avaliaram, através de ensaios clínicos randomizados, os efeitos da suplementação de proteína e carboidrato após o exercício de força. Além disso, verificar se a suplementação produz diminuição no dano muscular em indivíduos sedentários, através de uma revisão sistemática.; |