Resumo:
Dentre muitos micropoluentes, o agente plastificante bisfenol A (BPA), largamente utilizado na indústria de alimentos e bebidas, na fabricação de materiais e utensílios poliméricos, é considerado um xenoestrogênio e desregulador endócrino, o que justifica pesquisas contínuas na área. O presente trabalho efetuou uma análise de desempenho de três Estações de Tratamento de Esgoto municipais, compreendendo associação de diversas tecnologias disponíveis no mercado: Upflow Anaerobic Sludge Blanket, adicionado de filtro biológico aeróbio com aeração natural, lodos ativados e reator anóxico, ETE Morada dos Eucaliptos (ETE ME); Moving Bed Biofilm Reactor, adicionado de tratamento físico-químico, decantador de alta taxa e desinfecção ultravioleta, ETE Vila Palmeira (ETE VP) e lodos ativados tipo Reator Sequencial em Batelada, ETE Mundo Novo (ETE MN). Os resultados observados permitiram concluir que a melhor eficiência global para o tratamento do conjunto DBO, DQO, Nam, SST e SSed foi observada na ETE MN (95,3%, 89,8%, 94,9%, 92,8% e 88,4%). Para o parâmetro PT os melhores resultados foram na ETE ME (61,5%) e ETE VP (61,2%). Todas as ETEs estudadas apresentaram remoção maior que 92% para o conjunto CT e E. coli, sendo na ETE VP (98,7% e 98,2%) o melhor resultado observado. Com relação ao micropoluente BPA, confeccionou-se uma curva de calibração, na matriz ambiental esgoto sanitário bruto, onde os resultados de linearidade apontaram faixa de trabalho de 10ng.L-1 a 900ng.L-1. Foi adotado como Limite de Quantificação (LQ) o menor ponto de concentração conhecida da curva de calibração, 10ng.L-1. Assim, pôde-se analisar e quantificar a presença de BPA nos esgotos brutos e tratados para as três ETEs. Observaram-se concentrações de BPA quantificadas dentro da faixa de linearidade da curva. O BPA apresentou comportamento complexo e adverso, estando presente no esgoto bruto e tratado nas três ETEs. Esse comportamento corrobora com pesquisas anteriores, onde identificou-se que o BPA se mostra presente em todas as matrizes ambientais, caracterizando um micropoluente ubíquo. Isso por si só justifica monitorar as ETEs quanto à possibilidade de ocorrência de micropoluentes (no presente caso, o BPA), considerando os processos de tratamento de esgoto sanitário adotados, bem como o avanço das metodologias e técnicas analíticas de identificação e quantificação, no sentido de se verificar a presença e remoção desses das matrizes ambientais para uma futura e adequada regulamentação legal.