Resumo:
Diante das inúmeras adversidades causadas pelo contexto pandêmico da Covid-19, o setor educacional passou por uma necessidade de reinvenção para garantir a continuidade do ensino à classe estudantil. Com a migração das aulas presenciais para o ensino remoto, professores e estudantes se viram diante de uma nova perspectiva de ensino, incluindo os alunos surdos. Nesse sentido, é de extrema importância voltar-se o olhar para a educação desses indivíduos. Esta pesquisa tem como objetivo compreender e analisar o ensino e aprendizadoensino e aprendizagem de alunos surdos durante a pandemia, sob a perspectiva de professoras da Educação Básica. Pretende-se destacar os avanços e desafios enfrentados por esse grupo em meio a esse cenário atípico, que incluiu o uso de plataformas de aulas online e a necessidade de reclusão social, limitando a interação com a comunidade escolar. Para a geração de dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas no formato remoto, através da plataforma Teams, com quatro professoras da região do Vale do Rio dos Sinos, as quais tiveram alunos surdos durante o período de interrupção do ensino presencial. Para o alcance do objetivo pretendido, foram analisadas as falas das participantes, compreendendo seu contexto de atuação no ensino de estudantes surdos em salas de aula consideradas inclusivas. Para a análise dos dados, dialogamos com Goldfeld (1997), Lacerda (1998), Quadros (2005), Strobel (2009), Muck (2009), Oliveira (2021) e Santos (2021), entre outros autores, que possibilitam uma reflexão sobre o contexto educacional dos surdos. Cabral et al. (2020), Nascimento (2021) e Cavalcante (2020), por sua vez, voltam-se a aspectos relacionados ao ensino e aprendizadoensino e aprendizagem de alunos surdos no contexto pandêmico, momento ao qual se referem as entrevistadas. Os dados analisados revelam impactos substanciais do ensino remoto para alunos surdos durante a pandemia, com desafios socioeconômicos, incluindo falta de acesso à internet e recursos tecnológicos. A ausência de conhecimento linguístico em língua de sinais no ambiente doméstico foi outra barreira significativa. Alunos surdos com proficiência em língua de sinais mantiveram interações linguísticas durante o ensino remoto, sem retrocessos após o retorno às aulas presenciais. No entanto, aqueles que iniciaram tardiamente enfrentaram dificuldades, necessitando reiniciar o aprendizado da Libras ao retornarem ao ensino presencial, conforme destacado pelas experiências das professoras. Evidenciam-se, assim, desafios enfrentados por alunos surdos durante a pandemia e a crucial necessidade de adaptação para superá-los, apontando para a urgência de implementar mais e novas políticas e práticas educacionais que atendam às suas necessidades, especialmente em contextos de crise.