A problemática da desinformação tornou-se uma questão de extrema relevância na era digital, impactando diretamente a forma como as pessoas acessam, consomem e compartilham informações. Neste contexto, a pesquisa se propôs a investigar os usos e apropriações de pessoas cegas no meio digital, com o objetivo geral de compreender como esses indivíduos lidam com a desinformação e com notícias falsas. A construção teórica problematiza questões relativas à desinformação, aos usos e apropriações, aos sujeitos comunicantes cegos à cidadania e a acessibilidade comunicativas, destacando a importância de estratégias adaptadas às necessidades específicas desses sujeitos. A pesquisa empírica incluiu a investigação de um corpus de produtos digitais e de uma amostra de sujeitos cegos de diferentes perfis e áreas de atuação. Foram realizadas entrevistas com os sujeitos cegos e observados seus usos e apropriações dos produtos investigados. Os resultados indicam que, apesar dos desafios enfrentados, os sujeitos cegos demonstraram habilidades críticas na identificação de desinformação. Demonstram a importância do apoio social, do conhecimento temático e de táticas de checagem no combate à propagação de desinformação. Além disso, apontam para a importância da capacitação digital e do acesso a recursos de acessibilidade para garantir possibilidades de participação informada e crítica no meio digital por parte das pessoas cegas.