Resumo:
Ao trazer à reflexão o papel do Designer como um agente atuante em uma sociedade que caminha rumo à autodestruição, a presente pesquisa pretende investigar como os saberes indígenas podem contribuir para uma outra compreensão do papel do Designer Estratégico dentro do contexto de crise contemporânea. Dados alarmantes comprovam que a ação humana nas últimas décadas foi tão nociva ao equilíbrio da vida na Terra a ponto de inaugurar uma nova era geológica chamada Antropoceno. A crise contemporânea é composta por uma série de fatores intrinsicamente relacionados com o modus operandi do modelo capitalista, do qual nasceu o design. Paralelamente, sabe-se que os povos indígenas são responsáveis pela manutenção e proteção da maior parte da biodiversidade terrestre. A sociedade capitalista, colonial e extrativista é apenas mais uma maneira de se viver dentre muitas outras, mas, pelos seus princípios hegemônicos, hoje abrange a maior parcela da população global. Esta dissertação se constitui de entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio, com dois indígenas das etnias Kaingang e Mehinako, bem como de uma revisão bibliográfica e de uma pesquisa documental. As entrevistas foram transformadas em histórias, utilizando-se uma abordagem multimétodo para análise de narrativas. A partir das histórias pessoais dos entrevistados, emergiu um conceito que se destacou como a contribuição da pesquisa para área do Design Estratégico: perceber e pensar o contentamento (ou a falta dele) como fonte do desequilíbrio generalizado que vivenciamos na crise contemporânea. Portanto, a pesquisa aponta tal subjetividade como potencial contribuição de um novo ethos, para os designers explorarem novas formas de projetar e agir na crise contemporânea do Antropoceno.