Resumo:
Durante a pandemia de Covid-19, a sociedade como um todo precisou se adaptar ao isolamento físico e, por sua vez, as escolas foram obrigadas a se adaptar à realidade do ensino remoto emergencial. Ser professor/a ao longo de uma pandemia mundial trouxe uma série de desafios (MOREIRA; SCHLEMMER, 2020). Com o retorno ao presencial, novos obstáculos surgiram. Nesse contexto de muitas mudanças, o processo de ensino e aprendizagem precisou se adaptar, o que incluiu a avaliação, tendo em vista que, ela é parte integrante desse processo (QUEVEDO-CAMARGO; DAMACENA, 2021). No contexto do ensino de línguas, a avaliação demanda um processo que leve em consideração a totalidade das expressões e manifestações dos/as alunos/as por meio de suas produções, além de proporcionar um processo de acompanhamento contínuo tanto do desenvolvimento dos/as estudantes, quanto do próprio fazer pedagógico do/a docente. Assim, buscamos compreender de que forma a adoção de princípios da pedagogia dos multiletramentos (Grupo de Nova Londres 1996) poderia trazer um possível avanço para suprir as novas demandas do ensino de línguas, mas, principalmente, buscamos compreender as percepções de avaliação de um determinado grupo de professoras e analisar a forma como elas agiram em relação à avaliação no período pandêmico e pós. Posto isso, essa pesquisa objetivou investigar, à luz de um escopo teórico da Linguística Aplicada (LA) e Educação – tendo em vista que a LA é uma área aberta (MOITA LOPES, 2009), analisar como professoras de línguas de uma rede municipal agiram em relação à avaliação ao longo e após o período pandêmico, bem como compreender suas concepções de avaliação. Os instrumentos utilizados para a geração de dados foram: a) questionário; b) entrevista; c) materiais produzidos pelas participantes, as quais são professoras de uma rede municipal da região metropolitana de Porto Alegre (RS) que estavam participando de um curso de formação continuada. Essa pesquisa se caracteriza por ser de base qualitativa e como procedimento de análise foi utilizada a análise de conteúdo (BARDIN 2016; YIN,2016). Os resultados mostraram o quanto as professoras foram ressignificando suas percepções sobre a avaliação durante o curso de formação continuada e a forma como elas avaliaram, segundo seus relatos, durante e após a pandemia. Além disso, pôde-se inferir que, ao longo da pandemia, as professoras não conseguiram agir como designers de suas práticas avaliativas devido às diversas dificuldades encontradas naquele período e pela falta de formação. Dessa forma, concluímos também que, para que o fazer pedagógico seja desenhado a partir da pedagogia dos multiletramentos, o/a professor/a necessitaria desempenhar o papel de designer no ensino de línguas, contudo, precisaria de formação adequada para tal propósito.