Resumo:
Introdução: as infecções de sítio cirúrgico no pós-operatório têm impactos significativos na morbimortalidade e são consideradas como um evento adverso da assistência de saúde. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n.o 8, de 27 de fevereiro de 2009, descreve a importância da vigilância epidemiológica dos serviços de saúde que realizam cirurgias, a qual visa a busca de dados dos pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos para investigação de possíveis infecções, conhecer os desfechos dos pacientes quanto à presença ou não de infecção, e qualificar o planejamento de ações para melhorias. A realização de busca epidemiológica é responsabilidade do serviço de controle de infeção, sendo obrigatória a busca ativa por método prospectivo e contínuo. Objetivos: desenvolver e avaliar a viabilidade de um chatbot para vigilância pós-alta hospitalar de pacientes cirúrgicos. Método: pesquisa aplicada de viabilidade do chatbot para monitoramento de infecção após a alta de paciente cirúrgico. Realizada em duas etapas: 1) desenvolvimento do chatbot. Foi realizado o desenvolvimento do chatbot em parceria com uma empresa de tecnologia da informação, que trabalha com o foco no desenvolvimento de tecnologias móveis para atender o segmento da saúde; 2) avaliação da viabilidade do chatbot. A avaliação de viabilidade foi realizada com pacientes cirúrgicos pós alta, entrevistados na instituição hospitalar em que o estudo foi realizado. Na etapa 2 fizeram parte do estudo pacientes submetidos a procedimento cirúrgico em um hospital privado, de grande porte do sul do Brasil. A coleta de dados foi realizada por meio do próprio chatbot, via aplicativo de whatsapp. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das instituições envolvidas (proponente e coparticipante) e norteado pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei Nº 13.709 de 14 de agosto de 2018. Resultados e Discussões: o estudo envolveu 132 pacientes, submetidos a diferentes tipos de cirurgias, que foram contatados com as mensagens do chatbot 30 dias após a alta hospitalar. Os dados confirmaram que a ferramenta possui resolutividade e eficiência pelo retorno dos participantes às mensagens enviadas pelo bot, referente ao retorno do uso da ferramenta pelos usuários. Destacase que a vigilância epidemiológica das ISC e a notificação das mesmas, além dos cuidados durante o procedimento, pode melhorar a eficiência do atendimento e reduzir a subnotificação de infecções cirúrgicas. Conclusão: o estudo realizado possibilitou desenvolver e avaliar a viabilidade de um chatbot para vigilância pós-alta hospitalar de pacientes cirúrgicos, em uma amostra de pacientes de pós-operatório em um hospital de grande porte, privado, situado no sul do Brasil. Produto do Mestrado: foi constituído pelo desenvolvimento de um chatbot e pela avaliação da viabilidade deste para uso no processo de vigilância pós-alta hospitalar de pacientes cirúrgicos. O desenvolvimento do produto possibilitou a realização da vigilância epidemiológica como é preconizada pela Anvisa de 15 a 21 dias após os procedimentos cirúrgicos, além do monitoramento do paciente cirúrgico em tempo real sem a necessidade de um profissional com dedicação exclusiva, contribuindo com o cuidado pós-operatório após a alta hospitalar. O impacto deste produto está relacionado à maior agilidade no processo de vigilância pós-alta hospitalar de pacientes cirúrgicos, maior segurança no pós-operatório, com a redução do risco de eventos adversos como as infecções de sítio cirúrgico e a identificação precoce de complicações pós-operatórias. Ressalta-se que o dispositivo pode ser replicado em qualquer cenário de saúde, seja hospitalar ou da atenção primária, independente da complexidade do serviço, e poderá contribuir para melhores práticas alcançando a qualidade assistencial desejada. O produto não foi registrado como patente, pelo chatbot ser uma ferramenta já disponível e sim ser uma nova ideia de uso do mesmo para inovar a área de vigilância epidemiológica.