Resumo:
Este estudo longitudinal tem como objetivo verificar a associação entre consumo de ultraprocessados e a presença de características de hiperatividade em adolescentes. O estudo consiste em uma análise de dados secundários de um estudo maior, o qual possui delineamento de ensaio de campo randomizado com crianças recrutadas ao nascimento. Ao nascimento, os pares mãe-filho foram randomizados em grupo intervenção e controle, sendo que o grupo intervenção foi submetido a um programa de orientações dietéticas, relativo as diretrizes elaboradas pela Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde denominadas: “Dez Passos da Alimentação Saudável para crianças menores de dois anos”. O estudo compreendeu quatro fases de coleta de dados, através de visitas domiciliares mediante entrevista com as mães. As análises do presente estudo consideraram os dados coletados aos 3-4, 7-8 e 12-13 anos e não levou em consideração o grupo inicial que a criança fazia parte. Foram realizados dois
inquéritos recordatórios de 24 horas com cada criança, e a partir deles foi calculado o consumo de ultraprocessados em gramas, kcal e percentual de energia em relação
ao valor energético total da dieta. Foi aplicado o questionário de capacidades e dificuldades SDQ versão para os adolescentes, instrumento este que rastreia problemas de saúde mental e foi respondido pelos próprios participantes (versão destinada para adolescentes de 11-16 anos). Quanto aos resultados com significância estatística, foi observado que o consumo de kcal vindas de alimentos ultraprocessados aos 4 anos e o excesso de peso aos 12 anos estão associados a presença de características de hiperatividade na adolescência (p=0,002 e p=0,034). Este estudo evidencia que o consumo de uma alimentação não saudável na infância pode impactar em aspectos comportamentais na adolescência, o que reforça a importância da atuação precoce visando o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis.