Resumo:
Todas as experiências hoje em dia são permeadas pela midiatização: das mais simples até as mais complexas estão imbuídas pela nossa relação com a técnica. Somos usuários quando usamos essas tecnicidades para lazer ou trabalho e quando precisamos adquirir produtos. Ali, nossos rastros são dados que, quando interpretados pelas plataformas, permitem aos anunciantes direcionar-nos de acordo com lógicas algorítmicas, que são, por sua vez, determinadas por lógicas comerciais. Nesse contexto, esta dissertação observa os atravessamentos ocorridos durante a experiência de navegação para compra, buscando metaforizar os caminhos que os usuários fazem e como os algoritmos fazem a gestão desses atravessamentos que convergem ao ato de comprar. O propósito aqui é de entender essas dinâmicas e trazer à luz os processos ocorridos durante a experiência e, para isso, utilizamos os estudos de midiatização para desvendar as particularidades das novas ambiências digitais. A metodologia adotada incluiu pesquisa bibliográfica com análise crítica das perspectivas autorais, realização de entrevistas com consumidores e autoetnografia online para coleta de empíricos, exercício no qual simulamos a intenção de compra de um smartphone por meio do Google na loja online Magazine Luiza. Foi possível identificar, dentre outras coisas, que o usuário que navega identificado e com permissão de rastreamento e cookies, recebe 66% mais
atravessamentos do que o que navega sem tais permissões. Também notamos uma preferência de 88,8% pelo Google para busca de produtos, além de um protagonismo da plataforma, demonstrando que os algoritmos dos sistemas de recomendação são agentes inteligentes em disputa. Por fim, notamos que os usuários buscam exercer contraforças em relação aos direcionamentos recebidos, utilizando subterfúgios para evitá-los, o que pode demonstrar desconfiança em relação ao mecanismo de rastreio e às empresas envolvidas.