Resumo:
Introdução: A dor osteomuscular pode ser produto do esforço repetitivo, uso excessivo e de distúrbios musculoesqueléticos. O seu impacto atinge a qualidade de vida, incapacidade funcional e produtividade dos indivíduos. Diferentes fatores individuais podem estar relacionados à presença de dor, incluindo aspectos sociodemográficos, psicossociais, físicos e relacionados a condições de saúde. Os aspectos psicossociais também podem exercer um importante papel na ocorrência de dor. Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo foi investigar os fatores individuais e contextuais associados à ocorrência de dor osteomuscular em adultos de São Leopoldo/RS. Método: análise transversal de uma coorte prospectiva. Os dados da linha de base foram obtidos a partir de coleta realizada no período de janeiro de 2006 a julho de 2007, através de entrevistas estruturadas com um questionário padronizado e pré-testado, onde foram entrevistadas 1.100 pessoas com 18 anos ou mais de idade, residentes em 38 setores censitários da zona urbana do município. Posteriormente, entre os anos de 2013/2018, foram realizadas as coletas da 2ª onda da pesquisa, objeto deste estudo, onde cerca de 573 pessoas foram entrevistadas. A dor osteomuscular foi avaliada através da versão adaptada e traduzida para o Brasil do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO). Na primeira produção científica as prevalências de dor osteomuscular foram estimadas através de qui-quadrado de Pearson, para as estimativas das razões de prevalências (RP) brutas e ajustadas e seus respectivos foi realizada a regressão de Poisson, utilizando controle para efeito de delineamento mediante comando svy. Para a análise ajustada utilizou-se estratégia baseada em modelo conceitual hierarquizado, levando em consideração os dois níveis: contextual e individual. No segundo estudo, este de avaliação da estrutura fatorial do instrumento, foram realizadas a análise fatorial exploratória (AFE) e a análise fatorial confirmatória (AFC) do QNSO. Resultados: a primeira produção científica encontrou uma alta prevalência de dor osteomuscular (71,1%; IC95%:66,4-75,4). Na análise ajustada estiveram associados a maior dor osteomuscular em nível contextual: menor renda, menor apoio social da vizinhança e menor ação social. Em nível individual estiveram associados o sexo (feminino), maior idade, menor escolaridade, menor apoio social e maior número de morbidades. Na segunda produção científica a AFE apresentou ajustamento semelhante nas soluções com um ou dois fatores em todos os indicadores. Os valores de ajustamento na análise fatorial confirmatória para ambos os modelos apresentaram Qui-quadrado p<0,001 e valores de SRMR e RMSEA indicando bom ajustamento. Conclusão: Os resultados encontrados apontaram que determinantes contextuais podem influenciar na presença de dor osteomuscular e que o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) apresentou estrutura fatorial adequada para a mensuração de dor em uma amostra de base populacional.