Resumo:
A tese propõe sentir, pensar e fazer um design transdisciplinar e abdutivo, a partir dos
três princípios da Complexidade: a dialogia, que busca a distinção sem disjunção; o
holograma, que postula que a parte existe no todo que existe no interior da parte; e a
recursividade, que diz da concomitância das causas e efeitos em relações estabelecidas. Nessa direção, busca-se um diálogo metodológico entre a Complexidade (estratégia), o pragmatismo (abdução) e a psicanálise (desejo). Propõe-se que a semelhança entre a abdução, a estratégia, e o desejo reside em todos serem processos metodológicos capazes de perceber o acontecimento à medida em que o significam. Em outras palavras, processos que comportam o devir à medida em que o restringem. A abdução é elaborada como sendo simultaneamente uma proposição e um argumento – um dicissigno cujo interpretante, como futuro, acopla-se ao objeto referido, retroagindo no passado. O interpretante de uma proposição abdutiva que assevera, negocia e expande uma percepção, conferindo-lhe força de existência na linguagem, se denomina a partir da qualidade da amorosidade. Há, então, a inclusão do sujeito no processo do conhecer a partir de um entendimento temporal. Desenvolve-se o neologismo da cosmopoiese como proposta de um design cuja centralidade reside em cada um dos sujeitos brincantes que, não obstante, acoplam-se entre si a partir de propostas abdutivas, habitando uns aos outros como ideias. Nessa direção, as brincadeiras cosmopoiéticas visam a promoção de saúde como expansão dos sujeitos brincantes nas linguagens. Como proposta
metodológica de design, quatro sujeitos brincantes participaram de uma brincadeira cosmopoiéticas, que se estendeu ao longo de oito meses, em trinta encontros com
aproximadamente uma hora e trinta minutos de duração cada. No processo dessa brincadeira, foram significadas seis estratégias operacionais que podem ser entendidas como leis abertas que regulam existências singulares as interações persistentes como condição do acoplamento dos sujeitos brincantes; as linguagens lanterna como estratégia de expansão em diferentes linguagens; os desejos repentinos como processo de
compartilhamento de propostas abdutivas a serem significadas, negociadas e expandidas na serpentina dos sentidos; as perguntas estéticas como questões que permitem conhecer o conhecer dos sujeitos; e as mortes vivas como estratégia dialógica que permite velar a morte em metonímias metafóricas como continuações interpretantes que se significam em vida, na linguagem.