Resumo:
As crises e instabilidades da economia global verificadas a partir do final dos anos 1990 parecem ter revelado as fragilidades e limitações da hegemonia neoliberal. Mais que isso, estas ocasiões suscitaram o surgimento de hipóteses que previam a superação do paradigma econômico vigente desde o final dos anos 1970. O objetivo central desta dissertação é o de apresentar e contextualizar o debate recente sobre o fim do neoliberalismo – especialmente à luz do colapso financeiro de 2008, da crise da pandemia de coronavírus e das transformações, tendências e contrarreações que lhes são típicos. Através da revisão de literatura de artigos acadêmicos, livros, relatórios institucionais e de veículos de mídia verifica-se quão complexa, por vezes paradoxal, mas sempre adaptável é sua natureza. A superação provisória destas rupturas parece ter reafirmado o papel do Estado enquanto entidade viabilizadora da acumulação de capital. Não se trata, portanto, da retirada do Estado da economia – mas da reorientação de seu ativismo econômico e da renovação dos votos em benefício da lógica dos mercados, da globalização financeira e do dogma da competição. O receituário econômico das políticas neoliberais parece ter reorientado a ação Estatal, para o qual vertentes marxistas e sociológicas emprestam diferentes concepções e entendem que as crises são para o neoliberalismo terreno fértil para justificar-se e ilimitar-se.