Resumo:
A Internet das Coisas abre uma miríade de possibilidades ao conectar em rede os artefatos computacionais construídos em sensores digitais que estejam coletando dados do contexto de forma contínua e agindo baseados nas análises de tais dados. Para projetar esse tipo de artefato torna-se necessário compreender o contexto no qual estarão inseridos observando questões tais como os sistemas envolvidos e, principalmente, as redes de relações ecossistêmicas. Ocorre que os processos projetuais do campo das tecnologias computacionais estão focados em atender as necessidades do ser humano considerando-as como o problema para o qual devem encontrar uma solução. Acredito que os processos projetuais da área da computação deveriam contar com um espaço-tempo que lhes permitisse discutir sobre o problema a partir de uma visão sistêmico-relacional que poderia tanto levar a uma reinvenção do problema como fomentar o desenvolvimento de artefatos inovadores. No campo do Design uma das abordagens que mais se aproxima dessa proposta é o Design Estratégico, pois ele opera de forma transdisciplinar tendo como premissas a reconfiguração do problema, o codesign, a inovação social e a sustentabilidade, sugerindo atuar a partir de uma visão sistêmica. Nesse sentido, o presente trabalho, tem como objetivo propor um método de Design Estratégico para a Internet das Coisas − o d.e.coisas. A pesquisa dessa tese se realizou por meio de pesquisas documentais teóricas, pesquisas sobre abordagens de design conectadas com o problema e os objetivos, entrevistas sobre vivências de especialistas na operacionalização de processos transdisciplinares e uma prática projetual – o workshop Inventando_Coisas – operacionalizada por meio do método que se propõe. O d.e.coisas tem como características ser aberto, sensível ao momento projetual, inventivo e permeado por conhecimentos das humanidades, das tecnologias e do design. Sua operacionalização se deu por meio dos movimentos metodológicos r_Prepara, r_Aproxima e, r_Projeta que se situam, respectivamente, em três dimensões: a preparação da operacionalização do método; o incentivo ao fortalecimento das relações intraprojetuais; e o processo de projetação em si. O Inventando_Coisas ocorreu majoritariamente por meio de plataformas digitais com participantes dos campos indicados no método tendo seus movimentos ocorridos de acordo com aquilo que emergia durante as ações projetuais. A transdisciplinaridade se viu potencializada em função do movimento r_Aproxima que estimulou o diálogo estabelecendo uma metalinguagem operativa. A elaboração do artefato computacional no movimento r_Projeta se deu a partir das múltiplas conexões que se estabeleceram entre os conhecimentos aportados ao processo. O movimento r_Prepara possibilitou a preparação dos encontros de acordo com as características do d.e.coisas e com aquilo que emergia dos participantes em relação a condução do processo. As pranchas que conceituam o artefato computacional proposto ao longo do processo e denominado de Guaiaca_IoT revelam claramente a presença do campo teórico, dos métodos similares e do conhecimento tácito de especialistas. Ao final foi possível perceber que a lacuna, o problema e os objetivos foram adequadamente contemplados uma vez que o artefato resultante assim como a metalinguagem operativa, revelam em si as evidências daquilo que foi proposto e fundamentado.