Resumo:
O objetivo desta dissertação é suscitar algumas reflexões sobre a relação entre performance artística e performatividade de gênero na produção artivista, a partir de um viés interseccional. Utilizando como recorte a transição entre os álbuns Pajubá (2017) e Trava Línguas (2021), da multiartista Linn da Quebrada, investigo quais são as principais temáticas acionadas por ela nas suas performances em aparições midiáticas. Também questiono de que forma essas temáticas se relacionam com a sua vivência como travesti, negra e periférica, considerando os atravessamentos destas avenidas de opressão interseccionadas. Para realizar a investigação, utilizei como aportes metodológicos a Teoria Fundamentada e a Roleta Interseccional, articuladas, fazendo adaptações para dar conta do fenômeno estudado. A partir da codificação dos dados coletados, foi possível identificar as quatro categorias que compõem o processo de transição entre os dois discos: Autoinvestigação, Morte, Invenção e Renascimento. O cruzamento entre as categorias forma a categoria central Encruzilhada, na qual Linn da Quebrada se encontra no centro. Os resultados culminaram em reflexões a respeito da constante transitoriedade e da construção de outros imaginários para corpos abjetos, a partir de ações táticas de resistência performadas na música e na arte como um todo.