Resumo:
Relacionamentos conjugais violentos podem causar sérios problemas de saúde aos envolvidos e observa-se a dificuldade dos cônjuges de reconhecer a violência, bem como uma tendência a permanecer nestes relacionamentos. Por isso, na Seção I deste trabalho, o objetivo foi mensurar os níveis de qualidade e violência dos relacionamentos conjugais, bem como a relação dessas dimensões com características sociodemográficas da amostra e o poder preditivo dos diferentes tipos de violência na qualidade conjugal. Participaram 186 casais heterossexuais, casados oficialmente ou em união estável. Observou-se que os índices de violência psicológica foram superiores a 85% da amostra, contudo 66,5% dos casais avaliaram a qualidade conjugal entre média e muito boa e 33,5% avaliaram entre pobre a problemas muito severos. As variáveis qualidade e violência se correlacionaram positivamente e a agressão psicológica foi a dimensão com maior poder preditivo de problemas na conjugalidade. Na Seção II, o objetivo foi conhecer como os parceiros, inseridos em uma relação íntima com presença de violência conjugal, avaliam seus relacionamentos e que aspectos os levam a permanecer no mesmo. Foram analisados, através de estudo de casos múltiplos (Yin, 2005), quatro casais que vivenciam violência psicológica, física ou sexual. Observou-se que os conflitos conjugais iniciam-se por motivos diversos, tais como educação dos filhos, traição, alcoolismo, questões financeiras e outros. Permanecer nestes relacionamentos, em alguns casos justifica-se pela praticidade, enquanto em outros é pelo sentimento de amor que os unem. Em todos os casos, pareceu que, apesar de falarem sobre as situações de violência, os casais não a reconhecem como tal ou minimizam a gravidade da problemática. Salienta-se a importância de trabalhar com estes casais, que desejam permanecer juntos, estratégias de resolução de conflitos diferentes da promovendo assim mais saúde aos envolvidos.