Resumo:
A violência obstétrica é um tema que merece atenção, tanto das mulheres, dos profissionais de saúde, assim como do meio científico e acadêmico. Esta dissertação compõe-se de dois estudos empíricos acerca da violência obstétrica e da experiência da maternidade. O primeiro artigo objetivou verificar a ocorrência de violência obstétrica em mulheres brasileiras. Realizou-se um estudo de abordagem quantitativa, com delineamento descritivo, transversal e de alcance correlacional e preditivo, utilizando como instrumento o Questionário de Violência no Parto. Os dados foram coletados através de acesso online ao questionário, sendo analisados pelo programa SPSS. Participaram da pesquisa 1626 mulheres adultas, com idade média de 31,1 anos, primíparas ou multíparas, sendo a maioria da região Sul do Brasil (51,1%). Verificou-se que a vivência de violência no parto apresentou correlação significativa fraca negativa com a idade (r= -0,131; p=0,00), escolaridade (r=-0,160; p=0,00) e renda familiar (r= -0,244; p=0,00). Através da análise de regressão múltipla, verificou-se 12 práticas de atendimento ao parto que mostraram-se preditores significativos de violência no parto, explicando 34,9% da vivência de violência no parto. O segundo estudo, qualitativo e de casos múltiplos, objetivou investigar a experiência da maternidade em mães que relatam ter sofrido algum tipo de violência durante o parto. Aplicou-se questionário para triagem inicial, entrevista semiestruturada e questionário com dados clínicos e sociodemográficos. Evidenciou-se entre as mães o sentimento de ambivalência em relação à vivência da maternidade, sintomas sugestivos de depressão pós-parto e transtorno de estresse pós-traumático. Conclui-se que são necessárias intervenções direcionadas aos profissionais de saúde que atendem o parto.