Resumo:
Empreendedores institucionais são agentes que transpõem a inércia institucional ao quebrarem barreiras de forma proativa, iniciando novas práticas, padrões e políticas em campos institucionais legitimados. Atores que desempenham um papel de articulação social influenciando o processo de mudanças e contribuindo para a transformação ou criação de novas instituições. Nesse contexto, reside o cerne desta tese que buscou explicar como a ação dos empreendedores institucionais, no tradicional campo da viticultura da Serra Gaúcha, influenciou a criação de um mercado novo: o de uvas biodinâmicas. A agricultura biodinâmica, um ramo da agroecologia, pouco explorado pelo mercado e que utiliza em seu cultivo tradições ritualísticas milenares. O estudo analisou o processo de empreendedorismo institucional realizado por meio de práticas, indo além da abordagem macro-estrutural e voltando-se também para o entendimento de elementos relacionados ao nível micro, como as dinâmicas cotidianas. Dessa forma, a pesquisa entrega como contribuição acadêmica uma aproximação entre duas correntes teóricas distintas: o empreendedorismo institucional e a teoria das práticas unindo esses conceitos por meio de um modelo que explica a formação de um novo mercado. Os achados da pesquisa possibilitam a união das vistas estruturalistas da teoria institucional com os estudos da prática explicando como a ação humana é capaz de ultrapassar a agência e dar condições aos atores de formarem novos arranjos nas estruturas em que inseridos. Ademais, a pesquisa traz como contribuições gerenciais resultados que auxiliam no entendimento da mudança, transformação e legitimação de novos mercados em campo não homogêneos, como o da de alimentação sustentável. Mercados que ainda estão em formação e que se mostram dependentes da capacidade dos atores em articular mudanças coletivas.