Resumo |
O estudo das chuvas intensas é de grande importância para o entendimento do comportamento das bacias hidrográficas, fornecendo informações que permitem a gestão de cheias, e principalmente, o dimensionamento de estruturas hidráulicas. A quantificação da vazão de projeto resultante de processos de precipitação, geralmente é estimada a partir de equações intensidade-duração-frequência (IDF) que são construídas utilizando séries históricas de chuvas. As alterações climáticas estão cada vez mais perceptíveis e estudos tem apresentado a existência de alterações e tendências nas precipitações, fator que pode comprometer o dimensionamento adequado de obras hidráulicas, trazendo prejuízos à população, como os alagamentos nas cidades, perdas econômicas e até vidas humanas. À vista disso, este trabalho buscou construir equações de intensidade-duração-frequência (IDF) de chuvas para dois períodos de trinta anos, 1960 a 1989 e 1990 a 2019, considerando dados pluviométricos de dezoito estações do estado do Rio Grande do Sul com o objetivo de verificar se já é possível identificar influência das variabilidades climáticas na consolidação de curvas IDFs. As séries de precipitações foram analisadas estatisticamente, foi verificada a ocorrência de outliers, e então foram separadas em duas situações, uma considerando, e outra removendo os valores atípicos encontrados. Realizado o ajuste a distribuição de Gumbel, para os tempos de retorno de 2, 5, 10, 15, 20, 25 e 50 anos as precipitações foram desagregadas utilizando os coeficientes propostos pela CETESB (1979) para as durações de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 60, 120, 180, 360, 720 e 1440 minutos. Então foram construídas as curvas IDF para os dois cenários e dois períodos. Ao comparar as intensidades das precipitações resultantes da distribuição de Gumbel considerando as séries completas na análise observou-se que treze estações (77,2%) apresentam intensidades maiores no segundo período em estudo, sendo a maior delas de 44,4% superior ao período anterior. Removendo os valores atípicos das series doze estações (66,7%) apresentam diferenças relativas positivas, indicando valores maiores para o intervalo de 1990 a 2019. Os resultados obtidos permitem inferir que nas precipitações estimadas pelas equações IDF há um maior número de diferenças relativas positivas e em sua maioria inferiores, ou próximas a 10% de diferença. Além disso, as médias gerais das diferenças mostraram uma tendência de aumento com o aumento do tempo de retorno.; |